POSICIONAMENTO CRÍTICO E ABERTURA À TRANSCENDÊNCIA
A política, a economia, o esporte, as notícias policiais e sobre eventos culturais e da moda compõem a maior parte do que chamamos ‘notícias’. A maioria de nós sente que precisamos nos manter bem por dentro do que está acontecendo. No entanto, algumas vezes, nós, de alguma forma, nos prendemos viciosamente à corrente global da consciência que a mídia e a comunidade científica mantém anunciando constantemente. Não apenas as nossas opiniões, mas até as nossas emoções são manipuladas ou injetadas em nossas mentes, passivamente receptivas, que se tornam cada vez menos capazes de pensar por si mesmas. Acabamos escolhendo as fontes de notícias que gostamos de ouvir para manter nossa alta dose de estímulo. Nos envolvemos nesse fluxo de notícias e informações que nos mobiliza e nos faz sentir participantes ativos dos grupos sociais que valorizamos. Nossa mente acaba ficando ocupada demais por esses debates e emoções, por essa ânsia de estarmos sempre na crista dos debates e dos posicionamentos corretos.
Alguns, reagindo a isso, podem então rejeitar as “notícias” e a mídia juntas, optando pelo afastamento total das fontes de informação e debate crítico. Mas, o caminho da sabedoria está em algum lugar impreciso entre as posições polares. O caminho do meio, segundo os budistas. Ou o caminho estreito que leva à vida, enfatizado pelo cristianismo. Não é fácil se manter nesse ponto de equilíbrio da moderação. Posso não encontrá-lo corretamente e constantemente, mas ele existe e precisa ser buscado.
Participar dos debates nacionais e internacionais, sabendo procurar fontes críticas e esclarecedoras, mas com moderação para não deixar nossa mente se afastar do estado de abertura à totalidade da vida, que é também estética, poética, afetiva e espiritual. Não deixando esvaziar os momentos de silêncio e meditação pessoais que nos abrem para a percepção de nosso lugar próprio na existência concreta de nossa vida.
O debate político atual tem trazido e ampliado o medo na sociedade. O medo é o grande inimigo da beleza – talvez porque o medo seja a antítese do amor e não podemos perceber a beleza sem a amarmos. Assim, toda vez que nós vemos a ascensão de uma política do medo (e o ódio está sempre escondido no medo), deveríamos soar o alarme, porque ele leva à profanação da beleza da vida. Há intensos ódios e medos, tanto entre a esquerda como a direita. Entre os reacionários e os progressistas. O medo leva ao distanciamento de nosso caminho - ainda que imperfeitamente seguido - para a plenitude em nossa curta vida humana, pois nos afasta da inocência, da prontidão para acolher o inesperado e do estado de abertura poética para contemplar o cotidiano.
Texto elaborado por Eymard a partir de reflexão de Laurence Freeman, da Comunidade Mundial de Meditação Cristã (fonte: http://www.wccm.org.br/ ), com a finalidade de torná-la mais adequada à sua própria jornada de aprendizagem.
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