Maria Emília Bottini
Certa vez ganhei de uma amiga da vida
inteira o livro: Belas parábolas sobre sucesso
de Alexandre Rangel, nele há uma pequena história que vale a pena ser compartilhada.
“Era
uma vez um velho homem que vendia balões numa quermesse. Evidentemente, o homem
era um bom vendedor, pois deixou um balão vermelho soltar-se e elevar-se nos
ares, atraindo, desse modo, uma multidão de jovens compradores de balões. Havia
ali perto um menino negro que estava observando o vendedor e, é claro,
apreciando os balões. Depois de ter soltado o balão vermelho, o homem soltou um
azul, depois um amarelo e, finalmente, um branco. Todos foram subindo até
sumirem de vista. O menino, de olhar atento, seguiu a cada um. Ficava imaginando
mil coisas... Uma coisa o aborrecia: o homem não soltava o balão preto. Então,
aproximou-se do vendedor e perguntou-lhe:
Moço,
se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os outros?
O
vendedor de balões sorriu compreensivamente para o menino, arrebentou a linha
que prendia o balão e, enquanto ele se elevava nos ares, disse-lhe:
Não
é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir”.
Gosto de pequenas histórias, do que elas
podem em tão pouco nos dizer, nos fazer refletir para além de nossos limitados
pensamentos diários, fragmentados sobre tudo e todos. Amo de paixão balões,
sobretudo coloridos, acredito que a menina que vive em mim nunca os abandonou.
Essa pequena história me faz refletir que
somos seres de preconceito, carregamos em nós a marca do julgamento que dói e
desfere frases e atitudes que ferem e desmerecem os outros por tratarmos das
diferenças com indiferença.
Parece que sempre nos julgamos melhores,
mas será bem assim?
Como diz o vendedor é o que está dentro
que faz subir os balões. Se pensarmos em pessoas como balões uns coloridos e
outros sem cores, há as que sobem alto, muito alto cheias de generosidade, de
compaixão, de amor e de doação e contribuem para que outras subam juntas e
depois são soltas para seus próprios experimentos e voos.
Porém, há os que não sobem míseros
centímetros do chão carregadas de ódio, de rancor, de solidão, de mágoas, de
mau humor, ficam tão pesadas de conviver e por vezes a pesar na vida de outros
e a segurar seus voos, suas existências.
O que temos dentro de nós que nos faz subir?
É uma boa pergunta diante de um mundo de
possibilidades.
Ser mais humano, ser mais gente, talvez
isso pudesse de alguma forma elevar nossa humanidade e com ela a humanidade de
outros com cores, gostos, jeitos, escolhas diferentes do meu mundo e pelas
quais deveriam minimamente respeitar e não condenar, acusar, maltratar...
Parece que tão somente precisamos ampliar
nossos horizontes de percepção de mundo, em um mundo de muitas cores e que
nelas possamos encontrar equilíbrios para continuar sendo verdadeiramente
humanos mesmo que vendendo balões.
[Maria Emília Bottini publica no Rua Balsa das
10 aos Sábados]
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