LAVANDO A ALMA!
Tensões, impressões desagradáveis e pensamentos tristes
acerca da situação mundial. Sim, ninguém noticia flores, belezas e nascimentos
iluminados de crianças, bichos e projetos. Não se aumenta a audiência com boas
notícias. Fomentar insegurança, tristezas, desespero... falar de injustiças,
sofrimentos e violência ah... isto angaria público. Que coisa mais mórbida esta
nossa fome por dramas e fatos trágicos!!!
Cheio destes humores
pesados precisou viajar para atender a um cliente numa cidade distante da
capital. Já no caminho sentiu-se deixando o peso para trás. O cliente morava na
beira do rio que cortava a cidade. Havia se mudado aos 45 anos depois de um
pequeno problema circulatório que obstruiu uma artéria cerebral. Passou 2 anos
em tratamento intenso para baixar a pressão e evitar outro AVC e parecia não
melhorar. “Deu uma de maluco”, vendeu o carro e iniciou a compra de um terreno.
No primeiro ano ainda manteve-se em tratamento e morando na cidade. Todo dinheiro
que ganhava ia para o terreno e depois para um quadradinho com telha em cima. Quando
completou o primeiro cômodo fez um banheiro e convenceu a esposa a se mudar.
Conversou com o pai para combinar um abrigo quando passasse pela capital,
vendeu o apartamento e foi pra beira do rio. Inicialmente muito diferente de
tudo que havia vivido, mas o médico do posto local diminuiu as doses do
medicamento.
Depois do terceiro ano adotaram dois cachorros enormes que eram
maiores que os dois filhos de 5 e 7 anos. As crianças pareciam ter nascido ali,
na beira do rio, entre as flores, hortaliças e folhagens. Iam de bicicleta para
a escola, corriam pelas trilhas e viviam imundos e felizes. As visitas aos pais
se inverteram com os pais indo visitar filhs e netos.
Passado um tempo já haviam feito um bangalô de hóspedes, pois
as visitas aumentaram e agora a cidade que visitavam era a cruzada pelo rio do “quintal”...
Quando precisavam de
algum maquinário era feita uma encomenda e recebiam em casa. E foi isto que
levou o vendedor a visitar o cliente. Ao chegar na cidade com os documentos, a
parte central da máquina e uma pesada mala, foi recebido por um largo sorriso e
o convite de ficar na casa de hóspedes. Nunca cliente algum havia feito tal
convite. Era uma sexta feira, a fábrica atrasou a entrega e a montagem necessitava
de dia e meio. Chegou na casa e ficou deslumbrado com o clima leve, ar puro e
barulho de cachoeira. Parecia que o rio arrulhava chamando para ficar. Ficou.
Ficou o tempo da montagem e mais o domingo. Caiu na água gelada, esqueceu as
horas, limpou a mente, lavou a alma... quase nem volta!
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve às segundas feiras
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