30 outubro 2023

LAVANDO A ALMA!


 

 

LAVANDO A ALMA!

Tensões, impressões desagradáveis e pensamentos tristes acerca da situação mundial. Sim, ninguém noticia flores, belezas e nascimentos iluminados de crianças, bichos e projetos. Não se aumenta a audiência com boas notícias. Fomentar insegurança, tristezas, desespero... falar de injustiças, sofrimentos e violência ah... isto angaria público. Que coisa mais mórbida esta nossa fome por dramas e fatos trágicos!!!

 Cheio destes humores pesados precisou viajar para atender a um cliente numa cidade distante da capital. Já no caminho sentiu-se deixando o peso para trás. O cliente morava na beira do rio que cortava a cidade. Havia se mudado aos 45 anos depois de um pequeno problema circulatório que obstruiu uma artéria cerebral. Passou 2 anos em tratamento intenso para baixar a pressão e evitar outro AVC e parecia não melhorar. “Deu uma de maluco”, vendeu o carro e iniciou a compra de um terreno. No primeiro ano ainda manteve-se em tratamento e morando na cidade. Todo dinheiro que ganhava ia para o terreno e depois para um quadradinho com telha em cima. Quando completou o primeiro cômodo fez um banheiro e convenceu a esposa a se mudar. Conversou com o pai para combinar um abrigo quando passasse pela capital, vendeu o apartamento e foi pra beira do rio. Inicialmente muito diferente de tudo que havia vivido, mas o médico do posto local diminuiu as doses do medicamento.

Depois do terceiro ano adotaram dois cachorros enormes que eram maiores que os dois filhos de 5 e 7 anos. As crianças pareciam ter nascido ali, na beira do rio, entre as flores, hortaliças e folhagens. Iam de bicicleta para a escola, corriam pelas trilhas e viviam imundos e felizes. As visitas aos pais se inverteram com os pais indo visitar filhs e netos.

Passado um tempo já haviam feito um bangalô de hóspedes, pois as visitas aumentaram e agora a cidade que visitavam era a cruzada pelo rio do “quintal”...

 Quando precisavam de algum maquinário era feita uma encomenda e recebiam em casa. E foi isto que levou o vendedor a visitar o cliente. Ao chegar na cidade com os documentos, a parte central da máquina e uma pesada mala, foi recebido por um largo sorriso e o convite de ficar na casa de hóspedes. Nunca cliente algum havia feito tal convite. Era uma sexta feira, a fábrica atrasou a entrega e a montagem necessitava de dia e meio. Chegou na casa e ficou deslumbrado com o clima leve, ar puro e barulho de cachoeira. Parecia que o rio arrulhava chamando para ficar. Ficou. Ficou o tempo da montagem e mais o domingo. Caiu na água gelada, esqueceu as horas, limpou a mente, lavou a alma... quase nem volta!

                                                                                                 Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

                                                                                                                  Escreve às segundas feiras

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