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24 agosto 2018

O MEU SONHO PARA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA

Ernande Valentin do Prado

Fotografia de uma tatuagem de parede - sala de aula em Catolé do Rocha, terra de Chico Cesar, 2018.




Certa vez, concorrendo a uma vaga de orientador em um curso de Especialização em Saúde da Família, tive que descrever “meu sonho para Saúde Pública Brasileira”. O que pensei, diante da forma como eu seria avaliado, foi mais ou menos isso:
― Caraca, um curso que pergunta uma coisa dessas deve ser muito maneiro. Preciso muito passar e ser parte disso.
Ao mesmo tempo senti-me com uma imensa responsabilidade. E se não gostassem de meu sonho para a Saúde Pública Brasileira?
Isso estava além do que eu poderia controlar, tudo que podia fazer era dissertar o melhor possível em quinhentas palavras, no máximo. No entanto, é inegável que seria muito triste não ser aprovado em um curso que tinha a ousadia de perguntar qual meu sonho…
Sonho, utopia, inédito viável. Tudo, no contexto, era uma coisa só. O texto que escrevi foi meio que um testemunho:
Cursei a faculdade de enfermagem em Curitiba, Paraná, até junho de 2004. Menos de 20 dias depois estava trabalhando em um pronto socorro no norte do Espírito Santo. Não era ainda o meu sonho. Eu desejava ser enfermeiro de Saúde Coletiva, por isso, seis meses depois, mudei-me para Rio Negro, no Mato Grosso do Sul, uma cidade com aproximadamente cinco mil habitantes, localizado na “beira do Pantanal”.
Fiz essa opção porque queria colocar em prática um modo de fazer saúde, reafirmado pela Portaria 648/2006, na qual acreditava.    Desejava ir além das atividades administrativas e assistenciais mínimas esperadas de um enfermeiro na Estratégia Saúde da Família (ESF). Queria o novo, queria andar na rua, fazer programa de saúde na rádio comunitária, organizar grupos nas comunidades, conviver com a equipe, participar das festas, das lutas, das alegrias e até das tristezas da comunidade. Enfim, queria ser um enfermeiro não apenas na tradição nightingaleana mas também na tradição cristã, pois no período cristão as enfermeiras já faziam visita domiciliar e foram as verdadeiras precursoras da (ESF), conforme conta a historiadora Oguisso (2009).  E principalmente, desejava ser um enfermeiro engajado na construção de uma sociedade justa e solidária, da qual o Sistema Único de Saúde (SUS) fazia e ainda  faz parte.
Queria participar da construção de um serviço de saúde onde o enfermeiro é parte da estrutura humana responsável por proporcionar cuidado e bem-estar à população e não apenas gerenciar situações de doença.
Esse sonho, embora tenha vivenciado em vários lugares, ainda é um sonho para maioria dos profissionais que ainda ousam sonhar.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 648 - Política nacional de atenção básica. Ministério da Saúde; 2006.
OGUISSO, T. As origens da prática de cuidar. In: OGUISSO, T. (Ed.). Trajetória histórica e legal da enfermagem. Barueri-SP: Manole, v.1, 2007.  p.03-29.


[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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