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24 fevereiro 2017

PROCESSO DE CRIAÇÃO (MEU)

Lançamento do livro: "A rua que foi Balsa". Foto: Marcos Vasconcelos, 2017.
Ernande Valentin do Prado

Ele ficou olhando de longe, quando ela virou à direita, em direção a sua casa. Estava de mãos dadas com o namorado.  ela dobra a equina. Estava de mãos dadas com o namorado.
Mais um!
Pensou ele.

- Pai, um menino entra em uma peixaria, a moça pergunta: o que você quer? Ele diz: quero roubalorobalo. Entendeu? Robalo é um peixe.
- Sei. Talvez fique melhor não explicar a piada..., não acha?
- A Heloisa me explicou...

Volto ao texto que estou tentando escrever, desde que levantei da cama, hoje pela manhã:

Ele ficou olhando de longe, quando ela virou à direita, em direção a sua casa. Estava de mãos dadas com o namorado.
Mais um!
Pensou ele.

- Pai, tá começando o Irmão do Jorel. Vem assistir comigo.?
Irmão do Jorel? Tenho que ir. Alice não vai aceitar um não posso, não agora, não passando Irmão do Jorel.
Muito legal, no episódio de hoje a amiga do Irmão do Jorel lhe ensinou que não existe isso de coisa de mulherzinha. Ela disse que se isso existisse, como poderia ela jogar futebol e ele não? :
- Eu sou menina e jogo futebol. Você é menino e não joga...

Ontem foi uma noite especial: lançamento do primeiro livro do Blog Rua Balsa das 10. Foi bom. Cheguei por volta das 21 horas, resgatado por Daniela e Elailla, depois das aulas no UnipêUNIPE. Achei que ao chegar encontraria umas 10 pessoas, os amigos da Educação Popular em Saúde, mas haviam quase 100 pessoas. A maioria de gente que não conhecia. Não havia me tocado que teria que fazer uma fala, achei que quando chegasse já estaria tudo resolvido. Improvisei dizendo que Drica e Daniela, quando leem meus textos, dizem que é o mesmo que me ouvir falar, que até o sotaque é igual. Acho isso lindo, um privilégio poder escrever como se fala, coisa que a academia não deixa, quase nunca. Por outro lado, comentei, que ficava espantado com o interesse dos leitores por textos tão pessoais, que àas vezes parecem fazer sentido só para mim.
Maria Valério Rezende disse que meus textos não dizem tudo, que se calam para o leitor poder falar, poder interpretar e dar sentido. Achei lindo e se ela tá falando isso, melhor eu acreditar.

Nas caixinhas de som Sony (herança), extra poderosas, que complementam o notebook, Beirut (que Lany me apresentou ontem) dá seu recado:

“All I want is the best for our lives my dear
And you know my wishes are sincere
What's to say for the days I cannot fear”

Volto ao texto,  que amanheci querendo escrever, para a série sobre os dez mandamentos: “NÃO PECAR CONTRA A CASTIDADE”:

Ele ficou olhando de longe, quando ela virou a à direita, em direção a sua casa. Estava de mãos dadas com o namorado.
Mais um!
Pensou ele. No entanto sabia que como os outros, não duraria.
Foi até a outra esquina, para não chamar atenção dos amigos que passavam por ali, indo para casa, como ele deveria fazer.
Esperou. Quando o namorado dela passou, ele voltou.


Mensagem no WhatsApp:


 No som, Detonautas, a banda do Tico Santa Cruz, que admiro mais pelo posicionamento político do que pelas músicas,  dá o recado:

Visão do espaço estamos tão distantes
Se acelero os passos sigo a voz do meu coração
Ontem eu fui dormir mais tarde um pouco”

Volto ao texto:

Ele ficou olhando de longe, quando ela virou a direita, em direção a sua casa. Estava de mãos dadas com o namorado.
Mais um!
Pensou ele. No entanto sabia que como os outros, não duraria muito.
Foi até a outra esquina, parou em baixo de um poste com a luz queimada, para não chamar atenção dos colegasamigos que passavam por ali indo para casa, depois das aulas noturnas, como ele deveria fazer.
Esperou. Quando o namorado dela passou,  voltou.

- A torneira da máquina de lavar tá pingando muito. Dá para trocar por essa?
- Dá.
Primeiro inundo o chão. Depois tiro uma torneira, enrolo vedar rosca em outra, tento por de modo a ficar correto, reto, firme, sem gotejamento, que odeio (também detesto goteira de chuva). Não fica. Forço, quebra, troco por outra, tento de novo, machuco o dedo, sangra, dói (dói mais). Lambo o sangue que escorre pelo dedo. Limpo, Ttroco. Corto com uma serra de ferro.

Tico Santa cruz insiste:

“Tá complicado de dizer 
Alguma coisa 
Você não ouve 
Não me responde

Vou tentar deixar a base do texto pronta para lapidar depois (é meu método). Ainda faltam duas histórias deste pecado e outros, de outros, principalmente de: NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO. Outros estão bem encaminhados, como: NÃO ROUBAR, NÃO LEVANTAR SEU SANTO NOME EM VÃO, AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO (meu favorito).
Lembro, justo agora, que preciso divulgar o vídeo publicado no Balsa ontem: Silêncio. Abro a página do facebook, compartilho o vídeo. Depois copio o link direto do You Tube, para uma divulgação alternativa. 10 visualizações, desde ontem.
Pouco, quase nada.
Melhor reforçar carregando o vídeo diretamente no Facebook. Lembro que ontem perdi mais de 45 minutos tentando fazer isso e deu errado na última hora.não consegui. Deixo o vídeo carregando, volto ao texto:

Título: Toda noite (ou quase), será que tá bom? Comunica o suficiente, nem mais nem menos?.

Lá fora começa a chover, quase uma garoa, nem dá para refrescar o ar quente de João Pessoa. Sento em frente oao computador. Lembro de dar uma olhada no site da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A publicação, no Diário Oficial da União, que espero desesperado desde primeiro de janeiro, não saiu. Prometeram o resultado para primeira semana de janeiro, nada. Agora publicaram metade dos resultados do edital 04/2016, a outra metade já entreguei na mão de Deus.
Droga. Até quando vou ficar esperando esse resultado?

- Pai, o buraco tá inundado.
- Deixa eu ver...
Puta que pariu...

O corretor enviou dois pedreiros semana passada para ver as calhas. Eles arrumaram, ao menos foi o que disseram. Quer dizer, arrumaram, não tá mais gotejando na cozinha. Em compensação tem uma cachoeira no quarto das bagunças, que chamamos carinhosamente de buraco.
O chão tá inundado, do forro de gesso corre um fio d’agua até bonito de ver, não fosse estar molhando livros, cadernos antigos das crianças, meu serrote, a furadeira...
Corro pegar baldes, panelas, panos. Limpo do chão, arrasto as caixas, corro pegar panelas, baldes, na impossibilidade de estancar a água, aparo com as panelas.  panos para estancar a cachoeira.
A chuva ameniza. Alice diz que precisa ir naà casa de Mariana.
- Ela vai me dar um peixe.
Sai.
Volto ao texto, quer dizer, ao texto.

Toda noite (ou quase)

Ele ficou olhando de longe, quando ela virou a direita, em direção a sua casa. Estava de mãos dadas com o namorado.
Mais um!
Pensou ele. No entanto sabia que como os outros, não duraria muito.
Foi até a outra esquina, parou embaixo de um poste com a luz queimada, para não chamar atenção dos colegas que passavam por ali, indo para casa depois das aulas noturnas, como ele deveria fazer.
Esperou. Quando o namorado dela passou, voltou.
Ela estava em baixo da arvore, como em todas as outras noites, esperava por ele.
- Achei que hoje não vinha mais.
Disse ela, apressada, jogando a bolsa com os livros e os cadernos no chão e encostando na árvore.
- Achei que não ia me esperar, hoje.
Respondeu ele já deixando o peso de seu corpo contra o dela, de encontro a árvore, enquanto procurava seus lábios para um beijo urgente.
- Por que não para com isso?
- Você sabe porquê. Então não se faça de desentendido.
Respondeu ela, sem afastar sua boca da boca dele, soprando as palavras pelos espaços entre os lábios.

- Pai, voltei. Aqui o peixe...
Pausa para conhecer o peixe.
Uma rápida checagem no WhatsApp:

- Professora, por favor, envie novamente as faltas da semana. No arquivo que enviou ie antes, não dá para ver os dias.
Abro meus arquivos de Excel com as datas e dias em que os estudantes faltaram ao estágio. Copio, colo, não dá certo. Insiro nova tabela no Word, escrevo cada dia, cada atraso, cada falta. Faço um print da tele e envio.
- Pronto, agora tá visível.
- Professor, tem certeza que tem aula na segunda-feira? Sabe que tem desfile de blocos de carnaval?

No som:

“Tô voltando pro meu recanto
Lá é bem melhor
Não, não sei quem vai estar me esperando
Eu nunca vou estar só

Agora esquentar o almoço com Alice. Ela insiste em fazer sozinha, mas com nove anos acho que ainda é cedo para usar o fogão sem acompanhante.
Almoçamos, lavamos a louça. Escovamos os dentes.
Outra chuva mais forte, outra inundação. Outra limpeza. Esvaziou o balde com água. Reforço a mensagem para o corretor enviar alguém para ver o problema. Ele diz que irá ver isso na segunda-feira.
Até lá eu que me lasco?

No som, Papas da Língua diz:

“Roubar
Subtrair uma parte qualquer
Da metade do que não é nada
A não ser um pedaço qualquer de alguém
Matar
Subitamente apagar dessa vida
Um pedaço que é nada mais
Que uma parte qualquer
Da metade do que não é nada
A não ser um pedaço qualquer de alguém
Viver
Repetir todo o dia a tarefa
De ser um a mais
Uma parte qualquer da metade
Do que não é nada a não ser
Alguém
Morrer
Simplesmente sair dessa vida
E deixar para sempre de ser
Um a mais e de ser
Uma parte qualquer da metade
Do que não é nada a não ser
Alguém”

Nossa, como é difícil entender essa letra. Deve ser por isso que são os Papas da LinguaLíngua.

Volto ao texto... mas agora tenho outra ideia: e se esse processo complicado de tentar se concentrar em fazer um texto (como se o resto do mundo não existisse), virasse uma crônica?

[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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