O sonho naquele dia em que pousou
a alegria na borda da asa de um pássaro azul. E que ele voasse do cais, da
ponta da vela branca para um céu de estrelas nuas, dançarinas de bailes de
fantasias.
Ela, a alegria, dançaria com um
dragão, uma princesa, um árabe, um lobo. Dançaria com personagens de estórias e
bichos de casa, da terra, do céu e do mar: fantasias das estrelas costuradas
pela lua cheia nascida em monte mágico.
Brincadeira de muitas noites até
o cansaço da alegria, o sono, o sonho e o frio que somente um cobertor de relva
pode tirar. Relva alimentada de terra quente, macia, aquecida com sol de dia de
outono.
E a alegria descansa aconchegada
nos braços verdes esticando os olhos grandes para o mundo e deixando que a
tristeza faça seu voo de volta, de ida, de vinda, de viagem infinita e calma.
E o pássaro azul que seguia sem
rumo, cantando canções de esperança e beleza, amor e amizade, ao ver o manto da
terra aconchegando a alegria, percebe sua imensa pequenez e solidão.
E chora...
Percebe por instantes o mundo sem
sonho, sem raio de luz, sem chuva ou vento. Canta como se engaiolado fosse e se
encolhe como se dor sentisse.
A tristeza acaricia as asas e
alimenta a alma doída de sabedoria e medo. Só então, acorda a alegria ao
descanso, ao descaso e põem-se a brincar, alegria e tristeza, amigas,
parceiras!
As estrelas querem novas
fantasias nos ares e as cores do arco-íris da manhã desenham um sorriso no ar. Brilha
a vida em novas sementes que germinam e flores que se abrem. Consolo.
O mundo recomeça.
As lágrimas do pássaro se
transformam em flor de amor e ele volta a sorrir e cantar ao ver a lágrima-flor
desabrochar. Agradece.
E desde a saída da vela branca do
cais, o pássaro passa por muitas noites e dias, tristezas, alegrias, surpresas,
cansaços e uma dose de imenso carinho pelo mundo e por vezes, por si mesmo,
suas dores, suas viagens e seus destinos.
Segue como segue o sonho da
menina que, olhando o deserto da janela, um dia, desenhou mar, praia, céu azul,
estrelas bailarinas, barco e vela e um pássaro azul que voa e navega, chora e
ri.
Lápis de cor no papel branco, descoberta
de cores, fantasiando na hora da aula de geografia, escondida da professora,
criando caminhos na alma e outros mapas no coração.
[maria amelia mano escreve na rua balsa das 10 às terças-feiras]
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