Maria Amélia Mano
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
É ele quem me carrega
Como nem fosse levar
Paulinho da Viola
Queridos balseiros:
Coisas
que navegam, coisas que seguram. Balsas. Ligas. Por causa da Liga, a Balsa...
Sim,
parceiros de ventos e brisas em rio e mar, lembro que essa aventura começou
pelo encantamento com uma liga: a Liga de Educação em Saúde da FURG, em Rio
Grande. Um componente atrasado, Luan. O menino que perdeu sorrindo o barco na
manhã fria e deu nome ao sonho de noites e dias de aconchego, encantamento e
refúgio.
Depois
a balsa, sem freios, sem âncoras, mas com asas, saiu voando longe, a maluca, a tonta,
sem rumo. Andou em lugares que passaram, memórias. Sonhou lugares futuros,
esperanças. Criou histórias, poemas e confissões. Na Croácia, se perdeu umas
tantas vezes entre línguas enroladas, escadarias. Brinquei e Mayara gravou: “Porque
até extravios são motivos de inspiração”.
E
o que para nós não foi motivo de inspiração? Até nosso cansaço, nossa dor,
nossa decepção, nossa saudade, nossa partida, nossas dúvidas, nossos nós,
nossas perdas, nossas solidões... Extravios, navios, bravios em maré alta e
baixa que segue com o vento e segue sem o vento porque somos nós que nos
sopramos. Nós nos navegamos porque navegar é preciso, escrever é preciso!
E
nesses dias frios passados lembrei que fizemos dois anos em abril. Amadurecemos
e nos tornamos mais crianças também. Porque brincamos. Porque rimos de nós.
Porque nesses dois anos, viajamos, amamos, revivemos, reencontramos,
descobrimos, aprendemos e desaprendemos, esquecemos e recordamos e ainda mais,
nos fizemos pares em mares de destinos que insistimos em juntar.
Seguimos!
E no início de tudo, quem liga? A liga. Coisas que seguram, coisas que navegam.
Coisas que caminham e contam histórias em um templo de águas, sempre as águas.
Meninos e meninas esperançosas me convidam para um fim de semana no templo das
águas. Em meio aos sonhos partilhados, ao que queremos de nós para os próximos
anos, lágrimas... mais e mais água. Água que lava e limpa a alma e deixa com
cheiro de nova.
Deixem
que eu mande recadinhos especiais...
Parceiros
da Liga de Educação em Saúde, vocês ainda me banham, me limpam, me matam a
sede, me batizam, me acariciam com o afeto e a utopia que trazem nos corações.
Que os novos momentos de desafios sejam lições e que a chama esteja sempre
acesa, as velas prontas para os ventos, os ventos prontos para levarem para onde
o sonho deixar a alma ir, em verso, canção e conversa boa.
Balseiros,
parabéns atrasado para nós! Abraços apertados na distância bem próxima da nossa
amizade, admiração, respeito e partilha de caminho. Comemoramos quando a Mayara
voltar da Irlanda? Comemoramos quando o filho do Eymard nascer? Comemoramos
quando o Ernande defender a dissertação? Comemoramos quando o Julio fizer dois
anos de cirurgia que o fez renascer? Comemoramos quando o Arnildo se formar? Comemoramos
quando eu voltar de algum banho de cachoeira?
Digam
que sim, sim, sim, sim...
Um
abraço apertado e saudades!
Amélia
Observação: foto composição de
cortina do Templo das Águas na Colônia Maciel, em Pelotas, onde encontrei com
os meninos e meninas da Liga de Educação em Saúde da FURG.
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