21 dezembro 2018

NINGUÉM LARGA A MÃO DE NINGUÉM

Ernande Valentin do Prado
— Maldita hora que sentei na primeira fila.
Pensou ele, tentando olhar por baixa da mesa e sentindo-se observado por todos.
Não conseguia se concentrar e prestar atenção na fala do doutor. Apesar de tudo, ele era uma autoridade quando o assunto era educação.
Caiu em desgraça, foi escrachado nos jornais e até curtiu uns dias de cana, mas ninguém deixa de ser doutor de uma hora para outra e nem perde a autoridade só por ser preso. Deve ser por isso que o auditório estava lotado.
— Quantos artigos “Qualis A”, o cara publicou mesmo?
Pensou, olhando a plateia agitada, como poucas vezes viu.
Bem! Ou era pelos conhecimentos e a autoridade do saber que o homem tinha, que juntara tanta gente ou porque, assim como ele, as pessoas queriam ver se o doutor ainda estava usando tornozeleira eletrônica.

[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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