para Amélia, que teria gostado
de estar no meio da conversa,
no meio dos fantasmas.
e que sempre esta no meio de tudo que faço.
Aquí em Lima uma atração muito querida pela população é o circuíto da água. Num antigo parque perto do centro da cidade - parque que nos meus tempos de limenho estava largado - criaram um enorme parque aquático com fontes, luzes, brinquedos de água, etc.
Lima, que adoece de falta de água cronicamente, construida no meio do deserto seco da costa central peruana, e alimentada com dificuldade por um único rio - o Rímac (o rio que fala, em quíchua) - se alegra com essa brincadeira de exagero de águas.
Milhares de moradores - a maior parte migrante dos Andes ou filhos desses - assistem em massa esses espectáculos de águas brincantes. Idosos, cadeirantes, crianças de colo, turistas, famílias inteiras levando muita comida, estavam lá. E eu, feliz no meio deles.
Lá fomos - eu pela primeira vez e a Bia depois de 6 anos. Eu achei fascinante o espectáculo, mas não o das águas mas o das pessoas - os meus conterráneos que são hoje tão diferentes e ao mesmo tempo tão os mesmos de quando eu morava aqui nesta cidade que, nunca irei negar, amo muito, apesar do cinza empoeirado que cobre as paredes de tudo. E da rispidez e dureza da maioria dos que encontro pela rua, pelas lojas, pelos shoppings.
Mas o que eu quero contar são as sincronicidades. As coincidências.
Saindo do parque das águas não conseguia pedir o Uber. Caminhamos mais um quarteirão e nada! Então a minha mãe com sua sabedoria brincalhona disse vamos parar um táxi.
O táxi, sombrio, parou. Pediu 15 soles. Dois a mais do que o Uber registrava. Tudo bem. Vamos. Motorista calado mas prestativo. Começamos o belo jogo de conversa de táxi.
Eu, nessas minhas buscas espirituais, comprei recentemente um kit do documentário Quando lembro de Chico, produzido pelo Juliano Pozati. Com esse kit chegou um caderninho amarelo. Que eu trouxe para anotações e reflexões... estava na minha mochila.
Dai o nosso taxista aumenta o volume do rádio e ouço falar, em bom castelhano peruano: pero y qué es lo que Chico Javier dijo sobre la fecha final de Julio de 2019....
Intrigado, continuei ouvindo.... era um espírita kardecista peruano que morava em Brasília que estava sendo entrevistado pelo condutor desse programa de rádio.
Falando de Kardec e Chico Xavier. E, fiquei pasmo, os dois peruanos descendentes de chineses, como eu. Luiz Hu (de Arequipa, perto de onde eu nasci, Tacna) e Anthony Choy, limenho.
Dai registrei o nome do programa e da rádio - para depois escutar - Dimensión Desconocida por Rádio Capital. Um programa que já existe faz 11 anos e sobre o qual eu nunca tinha ouvido falar.
Voltei a minha atenção para o taxista.... e eu disse: que curioso você estar escutando isto. Eu moro lá no Brasil e o Chico Xavier é muito querido e respeitado por um grupo grande de brasileiros. E eu frequento vários grupos espiritualistas.
Ele olhou para mim e disse: eu escuto faz tempo porque na minha profissão de taxista me acontecem coisas muito estranhas. E o programa tem me ajudado a entender o que vivo todos os dias.
Caramba, eu disse. Mas como assim como taxista, eu falei baixinho.
Sim. Eu já vi coisas extraordinárias. E me contou a história de uma corrida que ele fez com um espírito. Que andou dentro do taxi um trecho longo interagindo com ele e depois desapareceu. Ou a história da menina que lhe apareceu num morro de areia onde tem covas cclandestinas.
E por ali foi contando. Infelizmente a corrida nossa terminou e a minha mãe, impaciente, me chamou para entrarmos na casinha dela, que a essa hora fica exposta a risco de ser invadida. Ela diz que a igreja (católica) proibe essas coisas. kkkk.
Agradeci. Não peguei o nome nem as referências. E o carro sombrio sumiu no meio da noite de Surquillo.
Eu peguei o caderninho amarelo e falei com o Chico: você heimmmmmmmm......
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