Maria Amélia Mano
Sou de perto de Quixeramobim
no Ceará, terra do Conselheiro.
Sou andarilha desde que
amarraram minhas pernas pra endireitar porque são tortas como os galhos do
umbuzeiro.
Desde que decidi que, por
serem arco, elas eram mais fortes para caminho e caminhada.
Tenho pés e mãos pequenas como
flores da caatinga e como ela, tenho sede e humildade de enverdecer na mínima
gota de chuva.
Sou de mexer com barro e
palavras. Um, suja, o outro, impregna de verdade e poesia, pote de água de
beber e ler, sonhar.
Quero essa mistura de
corpo-natureza-inspiração-alma.
Médica comunitária, educadora
popular, contadora de histórias inventadas e reais, periferia, estudando tudo
que respira e ensina.
Quero travessia pra me saber
ser-tão e escrever sobre o que me inquieta: as histórias, os saberes de gente
simples que cuida e cura, misturados no sol, no chão.
Texto para a seleção do Caminho dos Sertões
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