Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
(Ciro Pessoa / Marcelo Fromer / Nando Reis /
Sérgio Britto)
Ernande Valentin do Prado
Lucas,
de pouco mais de oito anos, aproveitou-se que se distraíram dele e ficou para
trás, queria andar sozinho por entre os túmulos. Era a primeira vez que entrara
em um cemitério. Não sentia medo, não sentia nada, além do desejo de aventura.
Quer dizer, sentia certo remorso por não estar tão triste quanto todos
esperavam que estivesse, mas era só uma sensação, não sabia disto, não deste
jeito tão bem explicado.
Por
instantes esqueceu-se do que acontecia e do porquê estava ali. Isso durou
pouco, só até chegar ao túmulo onde colocariam o caixão com o corpo de seu pai.
Foi quando, assim de repente se deu conta de que não mais veria seu pai, nunca
mais. Sentiu o que deveria ser tristeza, o que deveria ser o que todos
esperavam que ele sentisse.
Pela
primeira vez, ao menos era assim que lembrava, via sua mãe como estava agora na
beira do buraco: rosto lavado pelas lágrimas, olheiras profundas, que lhe davam
aparecia de morta-viva, cabelos despenteados, como nunca vira, nem quando a mãe
levantava pela manhã para lhe chamar para a aula.
A
mãe, mais do que falando, estava gritando e chorando ao mesmo tempo, quase não
se entendia seu lamento:
—
Eu avisei, eu pedi para esse home...
Dizia
a mulher indignada:
—
...não vá se metê com arma, home de Deus. Mais Valdomiro, depois que se enfiou
na igreja, virou um jumento. Só ouve o guia dos jumento.
Rosangela
parecia a única pessoa indignada no cortejo fúnebre, formado por parentes do
morto e alguns colegas da empresa onde Valdomiro trabalhava. Será que todos
estavam acostumados com essa vida?
Da
igreja do pai, não veio ninguém, nem o pastor, que a mãe não queria ver nem
pintado de ouro.
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—
Se não fosse eu, seria outro...
Justificou-se com sua consciência. Fechou
o porta-malas do chevette cheio de fuzil 765 e trocou de chave com o comprador.
Entrou
no carro deixado pelo outro, que atrás do volante do chevette sumiu na
escuridão. Antes disse:
—
some com essa merda o mais rápido que der.
Sem
medo de ser feliz, mas temendo vacilar com tanto dinheiro em um carro roubado,
voltou pelo mesmo caminho que chegou, conforme fora orientado.
Pela
manhã, antes de se levantar, ouviu no rádio a notícia. Sabia, mesmo tentando se
justificar: “se não fosse eu, seria outro”, que a responsabilidade era sua.
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—
Home, deixa disso, você sabe atira, Valdomiro?
—
isso se aprende, Rosangela, isso se aprende muito fácil, sabe disso, que você
nem é burra.
No
culto de terça-feira, o pastor disse, com todas as letras, para que não
houvessem dúvidas, que todo homem de bem, todo pai de família deveria andar
armado e se defender dos bandidos, dos malditos bandidos.
—
Nanias...
disse
o pastor, esmurrando o púlpito.
—
...lá no seu tempo, já dizia: uma colher para erguer o muro, em uma mão e a
espada na outra. E por que, irmãos, Nanias disse isso? Ele disse porque o pai
de família, o homem de bem, não pode irmãos, não pode sob pena de pagar com a
vida, não pode deixar de se defender.
Esmurrou
novamente o púlpito enquanto encarava os fies admirados do poder de oratório do
pastor. Não só do poder de falar, de encantar, mas da sabedoria do pastor, que
era capaz de falar de diversos assuntos e tirar as dúvidas de seu rebanho
enquanto emocionava.
—
Os bandidos, os canalhas, os comunistas, esses, meus irmãos, estão em toda
parte, eles podem andar armados, podem entrar na sua casa, estuprar sua mulher,
sua filha, rasgar a sua bíblia, atirar no seu cachorro...
É
isso mesmo, balançava a cabeça concordando, Valdomiro. E já fazia seus planos,
suas contas: Preciso arranjar um revólver para protege minha família, meu
cachorro.
—
e você tem cachorro, criatura?
Disse
a mulher, irritada, quase ouvindo os pensamentos do marido, enquanto colocava a
roupa na máquina de lavar.
—
O pastor disse, no culto de terça-feira...
—
Home, lá vem você falar desse pastor, dessa igreja... você sabe o que penso de
gente que anda com bíblia ensebando embaixo do braço, não sabe?
Disse
Rosangela, caminhando para o quarto, onde tirou o lençol da cama, as fronhas
dos travesseiros e jogou nas mãos do marido:
—
pare de fala e joga isso na máquina de lava e vem me ajuda a amarra um lençol
limpo nessa cama, que não suporto lençol embolando.
—
Só deixa eu falá: o pastor disse que todo home de bem...
—
deixa que eu faço sozinha...
Disse
Rosangela com toda impaciência que lhe era peculiar, ainda mais naquela hora da
manhã.
—
...queria vê esse pastor trabalhá ao invés de enche a cabeça dos tonto ...eu já
te pedi, Valdomiro, já te implorei mais de uma vez pra não fala nesse pastor e dessa
igreja comigo, se não quisé me vê vira um bicho. Qué i na igreja, Valdomiro,
vá, não vou mais falá, cada um com suas mania, mas não enche meu saco falando
em bíblia, falando em conversa de pastor. Um burro demora formar, mas
quando forma dá gosto...
Disse
a mulher, forrando sozinha o lençol estampado com flores vermelhas, e já
levantando o colchão para amarra-lo.
—
Por que o home de bem, o pai de família tem que se entregá como uma ovelha ao
matador, se o bandido pode anda armado, me diz, mulher?
—
Isso eu não sei, Valdomiro. Nem sei se bandido pede autorização pra andá
armado, o que sei mesmo, home, é que “otário é otário e malandro é malandro. E
esse pasotor...
Disse
Rosangela ao mesmo tempo em que caminhava para lavanderia. Valdomiro tentava
ignorar a agressividade da mulher com as coisas da igreja e dar a outra face: Vou
ora por essa infeliz.
Era
o que pensava enquanto tentava não se abalar.
Na
assembleia o pastor disse: “em Exudus 22:2,3, a bíblia autoriza o cristão a
andar armado e a se defender”.
—
Por isso, irmãos, cada um de nós, que somos homens de bens, deveríamos comprar
um revólver, não para sair por aí atirando, barbarizando geral, porque cristão
não é disso. Cristão é ordeiro, é respeitador das leis, da moral, da família,
da propriedade alheia, mas o cristão, caros irmãos, o cristão tem o direito de
se defender, de defender sua propriedade, seus bens...
Parou
por um segundo, como que repensando o que acabara de dizer, e continuou:
—
...o cristão tem mais do que o direito de se defender, o cristão tem o dever, a
obrigação de se defender, ele não pode ser um boboca, tem que se defender. O
cristão não pode aceitar, como os direitos humanos querem, que só bandido tenha
armas. O cristão tem que usar armas para ser respeitado pelos bandidos.
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Jaime
Peçanha, 32 anos, policial militar há seis anos, foi baleado no peito nesta madrugada
ao atender chamada de violência doméstica.
Os
vizinhos estão chocados com a brutalidade do crime. Segundo eles o assassino
era calmo e tranquilo, vivia de casa para o trabalho e não incomodava os
vizinhos.
Após
atirar no soldado, o homem foragiu-se do local. O Cabo Amarildo, parceiro de
Jaime, socorreu o companheiro e não pode ir atrás do assassino. Até o momento
não se tem pista do paradeiro dele, mas o delegado Gervásio acredita que logo
colocarão as mãos no homicida. A corporação está revoltada. O comandante do
batalhão declarou:
“Nestas
horas, ninguém dos direitos humanos aparece para defender a família do
policial, se fosse bandido, já tinha fila de advogados dos direitos humanos em
minha porta, acusando a polícia de brutalidade”.
Com
mais essa morte, já são 27 os policiais militares mortos em serviço só esse
ano.
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Ontem,
Valdomiro Santos, 38 anos, entregador de encomendas, morador do Bairro
Capelinha e frequentador da Igreja do Rebanho Remanescente de Israel, foi
alvejado com três tiros de fuzil 765, de uso exclusivo das forças armadas, por
soldados no centro da cidade.
Segundo
o comando militar, o elemento estava portando uma arma clandestina na cintura,
calibre 38.
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Porte
de armas é o documento, com validade de até 5 anos, que autoriza o cidadão a
portar, transportar e trazer consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora
das dependências de sua residência ou local de trabalho.
Para
obter o porte de arma de fogo o cidadão deve dirigir-se a uma unidade da
Polícia Federal munido de requerimento preenchido, além de apresentar os
seguintes documentos e condições:
(a)
ter idade mínima de 25 anos;
(b)
cópias autenticadas ou original e cópia do RG, CPF e comprovante de residência
(Água, Luz, Telefone, DECLARAÇÃO com firma reconhecida do titular da conta ou
do proprietário do imóvel, Certidão de Casamento ou de Comunhão Estável);
(c)
declaração escrita da efetiva necessidade, expondo fatos e circunstâncias que
justifiquem o pedido, principalmente no tocante ao exercício de atividade profissional
de risco ou de ameaça à sua integridade física;
(d)
comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de
antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual (incluindo
Juizados Especiais Criminais), Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios
eletrônicos;
(e)
apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência
certa;
(f)
comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de
arma de fogo, realizado em prazo não superior a 01 ano, que deverá ser atestado
por instrutor de armamento e tiro e psicólogo credenciado pela Polícia Federal;
(g)
cópia do certificado de registro de arma de fogo;
(h)
1 (uma) foto 3x4 recente.
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Bandidos
portando armas de grosso calibre invadiram, nesta madrugada, a delegacia da
Capelina e resgataram dois detentos. Para entrar na delegacia imobilizaram o
delegado de plantão e um carcereiro. Na fuga trocaram tiros com PMs que estava
chegando na delegacia. Três, dos quatro militares, morrem no local. O sargento
Mendonça foi levado com vida, mas morreu a caminho do hospital.
De
acordo com informações da Policia Militar, a invasão aconteceu por volta das 3
horas. Os meliantes estavam muito bem armados, inclusive foram encontradas,
pela perícia, capsulas disparadas de calibre 765 de uso restrito as forças
armadas.
Além
de libertar os presos, os criminosos roubaram todas as armas da delegacia, os
computadores e até os celulares dos policiais, que foram deixados amarrados no
banheiro.
O
delegado acredita que a motivação da invasão era libertar Tonho Louco e Amebão,
líderes do tráfico de drogas na região. O bando aproveitou a
oportunidade e libertou todos os presos da delegacia, com exceção de um, que o
delegado desconfia ser de facção rival ou miliciano.
O comando interventor divulgou nota informando que
assumirá a responsabilidade pela captura dos presos libertados e a investigação
para determinar como o bando conseguiu armas de uso exclusivo das forças
armadas.
Com mais essas mortes, já são 31 os policiais
militares mortos em serviço só esse ano.
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O enterro de Valdomiro sairá às 16 horas rumo ao
cemitério do Bairro da Capelinha. Segundo foi apurado por esta reportagem,
Rosangela Santos, viúva de Valdomiro, proibiu que o pastor da igreja
frequentada pelo marido, compareça ao enterro. Amigos próximos disseram que a
viúva responsabilizar o pastor, defensor do uso de armas por homens de bem,
pelo marido ter comprado um revólver.
O pastor não quis comentar a morte do fiel de sua
igreja e nem a opinião da viúva sobre ele, mas alegou que irá sim ao enterro de
Valdomiro, a quem chamou de ovelha de meu rebanho.
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O interventor militar, General
Osório, disse que é “fundamental” mudar as leis do país de modo que seja
permitido ao militar, ao menos durante a intervenção, alvejar qualquer homem
armado na rua. Sem essa liberdade de ação, disse o General, a intervenção irá
fracassar e muitos homens de bem da corporação vão morrer.
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Jaime
sorriu ouvindo o homem no carro de som dizer que todo homem de bem deveria
andar armado.
—
O bandido anda armado, mas o pai de família está indefeso.
Disse
o candidato e esperou sem sucesso ser aplaudido.
—
Verdade!
Aplaudiu
quase sozinho Jaime com entusiasmo exagerado enquanto cutucava um senhor de
terno e gravata, com uma bíblia embaixo do braço, em pé ao seu lado.
—
Esse é bom, né não?
Disse
encarando o homem, esperando uma resposta que só poderia ser positiva, segundo
o que acreditava como uma verdade absoluta.
—
Gente como a gente, né não?
O
homem, constrangido, tentou afastar-se. Insistente, aguardando sua resposta de
apoio, Jaime deu um passo em direção ao senhor com a bíblia e continuo
argumentando:
—
Pai de família deveriam andar armado, né não? Eu mesmo não saio de casa sem meu
38.
Disse
e apalpou o volume na cintura para que o senhor com a bíblia visse.
—
Esse é meu, não é da corporação. Tô ou não tô certo?
Jaime,
desde criança queria ser soldado da PM. Também, desde menino ele está sempre
disposto a comprar briga. Não precisa motivo, esmurrando algo ou alguém o
relaxava. Para melhor executar seu talento, desde cedo frequenta academias e
aulas de jui shih tzu. Tem vontade de ser lutador de MMA, mas já ouviu o
Sargento Mendonça dizendo que isso não é para os homens da
corporação. Jaime leva muito em conta a opinião do sargento mais
durão do batalhão.
Jaime,
nos dias de folga, diverte-se metendo medo nas pessoas que discordam de suas opiniões.
Coloca roupas civis e entra em todo tipo de discussão.
Gostava
mesmo era de descer a porrada em serviço. Mas depois de responder dois
processos disciplinares, resolveu atender ao pedido do coronel e maneirar por
uns tempos.
—
Tem sempre um escroto dos direitos humanos de olho na gente.
Disse
o coronel, ao arquivar mais um processo disciplinar contra ele.
—
Direitos humanos só para humanos, coronel...
Disse
batendo continência, que sorriu olhando o soldado sair de sua sala.
—
Cuidado com as câmeras de celulares...
Ainda
acrescentou, antes do soldado ir.
Às
20 horas, daquela mesma noite, Jaime estava sentado no banco direito da
viatura, estacionada em frente ao Cachorro quente do Zé Pretinho. Atendeu o
rádio: violência doméstica.
—
Coisa boba...
Pensou.
Instintivamente
levou a mão ao revólver e pensou que seria bom trabalhar na viatura do Sargento
Mendonça, trocar tiros com algum marginal de verdade, só para não perder a
prática. Ultimamente só atendia esse tipo de chamado, quando não era marido
bêbado, era som alto, quase sempre em igrejas pentecostais. Essas chamadas o
Sargento não atende.
Certa
vez, quando chegou para atender um destes chamados, já mais de meia noite,
prendeu o reclamante e desculpou-se com o pastor. Essa história contou de forma
anedótica mais de uma vez, sempre tomando cerveja em bares onde PEMES não pagam
as despesas.
—
Onde já se viu?
Repetia
com o copo na mão, falando cada vez mais alto e mais entusiasmado:
—
O negão era da umbanda...
Dizia
esperando que a conclusão fosse obvia para todos e diante do silêncio, concluía
gritando:
—
...vagabundo, né não? Enfiei o cano do 38 na boca do meliante, algemei e levei
o negão em baixo de porrada para delegacia do Gervásio, que além de delegado
dos brabos, é pastor da Assembleia de Deus.
E
antes que todos se afastassem, acrescentou:
—
satanista na minha área não, né não, mermão?
Quando
chegou ao local, já não ouviu mais nada. A briga deveria ter terminado. Mesmo
assim resolveu entrar para averiguar, quem sabe ainda pudesse dar uns
sopapos...
Muitas
vezes divertia-se agredindo o agressor. Era sempre a mesma coisa.
—
A mulher, depois de apanhar bem...
Dizia.
—
... ainda pede pelo amor de Deus para liberar o seu marido.
Ria
contando essas histórias nas sessões de cerveja e salgadinhos grátis nos bares
do bairro.
—
Mulher é bicho sem vergonha, né não?
Dizia
ao colega, no volante da viatura:
—
Nem precisa desce. Essa região é de casas de trabalhador, chá comigo, eu
resolvo.
Desceu,
entrou pelo portão, caminhou através do jardim ouvindo o cachorro vira-lata
latir e o colega parar em uma estação de rádio que tocava “Bichos escrotos”, do
Titãs. Deu três batidas leves na porta:
—
Abre a porta, cidadão, é a polícia.
Foi
o que disse com voz firme.
A
porta não se abriu. Jaime bateu novamente três vezes, agora mais forte e
gritou:
—
Abre, é a polícia.
Esperou
e a porta não se abriu. De dentro, o pai de família atirou duas vezes.
________________________________
—
Direitos humanos o caralho...
pensou
Mendonça, dentro de sua farda engomada, sem um vinco se quer e de seu coturno
impecavelmente engraxado.
Olhou
para o lado esquerdo: ninguém. Olhou para o lado direito: ninguém. No muro a
sua frente o nome de um presidenciável em campanha para eleições de 2018.
—
Mito...
pensou,
quase exibindo na face a alegria que sentia no seu íntimo. Mas o Sargento,
sobretudo em serviço, não era de sorrir, nem de rir, na verdade não era nem de
falar. Se considerava um homem de ação. “Teoria é para os frescos”, repetia com
frequência entre os soldados sob seu comando.
—
Vamos retomar esse país...
Nas
costas sentia toda energia negativa vinda dos barracos improvisados com resto
de madeira, lona, papelão e sonhos desfeitos. A sola do coturno preto pisava na
lama de esgoto a céu aberto e milhares de frustrações cotidianas. Só via, além
da cor da pele do meliante, seus olhos brancos arregalados na noite mais escura
que já devia ter visto na vida.
—
Mito.
Repetiu
baixinho para si mesmo e passou a lâmina na jugular.
Não
foi tão fácil quanto via nos filmes, mas nem um ruído se espalhou pela noite.
Morreu calado.
Sorriu
satisfeito enquanto o pacote se desmanchava no chão fétido.
—
Uma mãe vai chorar amanhã e não vai ser a minha.
Pensou
mais do que satisfeito consigo mesmo.
—
...não mandei abrir as pernas e por bandido no mundo...
Limpou
a lâmina e guardou na bainha preza a cintura. Nada ouviu, nada aconteceu. Total
silêncio.
—
Ninguém viu nada...
pensou,
enquanto admirava a inscrição no muro.
—
Aqui ninguém vê nada, nada nunca, mito!
Voltou
para viatura, onde os outros três subordinados aguardavam. Entrou, bateu a
porta com excessiva força, fingindo não perceber e disse, quase sorrindo:
—
Missão cumprida.
[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]
voltei prá ler essa postagem e estou aqui ainda cantando os titãs... como é que a gente faz prá contar só histórias bonitas? você consegue ser meu parça e seguimos contando desgracera...
ResponderExcluirÉ bem isso mesmo.
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