27 dezembro 2020

ESPIA O NATAL, ESPIA... E... DEPOIS ESPIA DE NOVO...


Estou triste e ainda sem depressão. As mortes e os velórios que fiz sozinha, sobretudo as performances natalinas, natalinos e jesuíticas me colocam em alerta com a saúde mental... dificuldades com o "feliz natal" tanto pelo fato de não o considerar quanto pelas decisões que vem tomando corpo em mim. Preciso ter a coragem de ser eu... oh trem difícer!

Estou contente pelos feriados. Não significam nenhuma mudança na rotina do meu home-office a não ser que não preciso ir assinar a folha de frequência. Lembrei: tem outra coisa excelente - posso assistir a novela tieta a noite inteira e dormir durante a manhã... isso é bão demais da conta!

Estou enojada com as tais campanhas de natal... Sempre antes da sua própria "ceia". Mulheres brancas (esses tempos tem também negras junto!) compram bonecas e carrinhos porcarias e dão às crianças prá fazer o natal delas mais feliz... tem também a tal cesta de natal... Tem até a mulher do desembargador que virou primeira-dama do poder judiciário... e, pensar que as assistentes sociais ainda estávamos preocupadas com o poder executivo... Por isso, sem chance de assistir TV e seus noticiários...é melhor prá manter a esperança assistir musicais. E a propaganda do refrigerante mundial que deixa todos e todas feliz? não posso deixar que o capitalismo (não é hora de ficar falando disso...) me chame prá realidade... Essa tal de consciência quando entra na gente vive com autonomia. E a gente sofre quando toma consciência... felizes os anjos!

Mantenho-me faminta de frutas, queijos e vinhos... muitos vinhos. E sede de água em copo bonito. Mas se tiver alguém por aí que queira ir separando as marmitinhas das comidas preu comer no janeiro inteiro, caracasssssss vou adorar... Mas não me obriguem a servir de tudo hoje. Quando vejo as quantidades sobrantes de comida, muito além do necessário, volto pros natalinos e natalinas e fico sem fome logo. Mas minha contradição quer comer em outras horas... apreciando cada prato devagarinho... e, com uva passada, muitas uvas passas....

 O Jesus, bem... esse conheci vários... alguns de osso com carne, outros de escrito. Dos escritos gosto mais daquele do Saramago, penso que pode ser mais verdadeiro que o dos quatro que levaram quatrocentos anos contando as histórias prá depois escrever sobre ele o Jesus que, conforme Boff era tão humanos, mas tão humano que só podia ser Cristo. Vai-se o tempo que o Pedro Kemp falava isso em tudo quanto é lugar!  Mesmo assim gosto das histórias contadas pelo Lucas (Pascoal que me ensinou que ele era o mais justo com as mulheres).Gosto da ideia que algumas mulheres do povo correram prá socorrer a Maria e o José (que já não faziam sexo desde o 6o. mês e nem se beijavam desde o início da viagem prá Belém). E, a Maria com aquele tom dourado de pele foi acolhida pelas negras à beira do caminho...

É nessas horas que me lembro do U2 desorientando o Pavarotti quando foram cantar a Ave Maria juntos... adorooooooooo. Nas noites do 25 de dezembro daqui prá frente vou inventar músicas assim com minhas alegrias e vou ficar espiando a cara delas. E o Didi, meu compa roqueiro... ficou rindo quando apresentei a dupla que não era sertaneja universitária... Rock com Ópera é o máximo... já viram mais de 1,5 milhões de vezes... eu faço parte de umas mil vezes...



Bom, os Jesuis de osso e carne... ah, esses estão por aí a ser encontrados em um desses cafés da vida! (e ainda tem o guaraná Jesus... doooooooce que dói).. Por isso, NÃO TENHO PACIÊNCIA DE FALAR DO NASCIMENTO DO JESUIS, sem perguntar do que estão falando... Afinal, ele nem nasceu no 25 de dezembro... nem existia dezembro e nem o 25, casseta! É bom aprender isso que eu já aprendi e fico com preguiça quando o povo que tem as letras não consegue falar dos contextos...

Aliás, deve ser nesse momento que  fico sem educação e a Susana vai pensar o quê dos meus textos deliciosos e inebriantes... Su, de vez em quando dá uma réiva de gentes que tem orgulho da pouca consciência da realidade...

E vamos combinar? que é isso de espírito natalino? Os natalinos são o vô Dale, o Tio Juca, o Otô... esses nasceram nesses dias agora. E, o espírito deles sempre foi piadeiro. Teve também o Natalino que estudou comigo no colegial lá no Presidente Vargas em Dourados e depois o Natalino da Funasa. Ambos faziam confidências amorosas de paixão por amigas minhas. Pensando assim o tal espírito natalino deve ser coisa de rirmos de nada, de nós mesmos, de confidências e de paixões... Ai que saudade do espírito natalino com jesus e tudo....Tá vendo, Feliciana... voltei à escrevinhação com fraternura (que palavra linda que me ensinou.. Para sempre você será a autora disso).

E as festas natalinas? Essa tem algumas na minha vida... as natalinas que foram estudantes comigo e a tia Natalina. Só lembro do pudim de leite firme (nada desse negócio molenga chique atual e sem furinho)... às vezes ela colocava pão amanhecido mas continuava sendo pudim de pão... e tinha as roscas cheias de coco e goiabada com ovo e açúcar. Hum... e tinha o doce de carambola que guardava prá depois do natal... oh trem azedo delícia...

Agora, as festas natalinas é comprar comidas prontas (deliciosassssss). Às vezes o tal chester que vem sem farofa com os miúdos... Mas sabe o que é bão disso? É que tem muita gente que adia o natal prá depois de entregar o fruto do seu trabalho e tira uma renda boa... Tô adorando saber que a Lia nem tempo tem de conversar há três dias... só cozinhando e vendendo... E ficou tão cansada que nem conseguiu sair prá almoçar. Coisa de crasse trabaiadora.

 Tem coisas fantásticas no espírito natalino e nas festas natalinas. Um monte de gente consegue trabalho e renda. O capitalismo gira o jesuis nas bolas coloridas vindas da China... que, aliás, poderia vir junto com a vacina da tal covid-19... e aí todo mundo viraria jacaré por algum tempo, quem sabe...

 Eu poderia falar simplesmente que não gosto de natal... mas eu gosto, viu? penso em cada coisa... sinto tantas sensações... ficar em feriado, caminhar em busca de mim está dando um trampo danado... começar a viver do jeito que gosto... dói e dá prazer... Difícil explicar "não ir à ceia" familiar.. Que filme seria bom assistir hoje com um bom vinho, em boa compania? E a pamonha com a Osnália... vai ter que ser no ano que vem!

Nem vou lembrar do tal natal em tempos de necropolítica kkkkkk. Mbembe ficou de férias de mim nesse final de ano. Vou mesmo é curtir os aprendizados com a Diane, "bom mesmo é o cristianismo que nos deu os feriados até prá quem não é da fé; o vinho que nos libera e nos embebeda e o sexo com culpa".

 E eu recebi um monte de “feliz natal”! faço o quê, Ave Maria? Vou ali conversar com as encantadas... mas isso já é coisa prá ficar pro próximo ano! Agora, enquanto minhas alegrias não vêm, bom mesmo é ficar abraçando a piolha que segue espiando a vida!

 Estela Márcia Rondina Scandola, 58 anos sorvendo a vida mulherida, publica no Rua Balsa das 10 aos domingos, ainda como convidada 

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