20 dezembro 2021

QUE VENHA!

 



QUE VENHA!

 

Faltando uma quinzena para o final do ano, e na semana em que muitos celebravam a festa da Luz e esperança e ela ali, na maior escuridão. Cega de tudo, triste de tudo, desesperançada de tudo. Tinha vergonha de dizer que não fazia nenhum sentido celebrar se havia fome, se havia ódio e se havia tristezas sem fim.

Faltando quinze dias para a virada do ano, e nada acontecia de para demonstrar que haveria um novo ano. Tudo velho, cinza, feio, sem nenhuma graça.

Na semana que antecedia o Natal as notícias não eram alvissareiras.

 Por outro lado, muitas crianças aguardavam ansiosas por uma noite mágica mesmo que não fossem ganhar grandes presentes...

 Conflito interno, valia a pena dar chance para um raio de alegria e um sorriso? Ou alimentava o deserto que se fazia dentro de si?

 Caminhava no meio de uma multidão quando escutou uma música doce que a atraía... Se viu aos prantos, tocada pela melodia. Nem entendeu a letra da canção, nem viu se era ao vivo ou se era remota. Só deu conta que estava chorando, soluçando e que se lavava em lágrimas na frente de quem passava e nem se sentiu envergonhada.

Teve vontade de sentar no chão imundo e se deixar ficar. Encostou numa vitrine até passar a comoção.

Lavada retomou a caminhada sem rumo, agora, como estava sem rumo antes.  Mas o choro tirou o peso de dentro, e nem sabia o motivo , mas estava reconfortada e livre.

 Chegou a pensar...  Que venha o Natal e o que vier mais.

 

 

Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

Escreve às segundas feiras

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