QUE VENHA!
Faltando uma quinzena para o final do ano, e na semana em que
muitos celebravam a festa da Luz e esperança e ela ali, na maior escuridão.
Cega de tudo, triste de tudo, desesperançada de tudo. Tinha vergonha de dizer
que não fazia nenhum sentido celebrar se havia fome, se havia ódio e se havia
tristezas sem fim.
Faltando quinze dias para a virada do ano, e nada acontecia
de para demonstrar que haveria um novo ano. Tudo velho, cinza, feio, sem
nenhuma graça.
Na semana que antecedia o Natal as notícias não eram
alvissareiras.
Por outro lado, muitas
crianças aguardavam ansiosas por uma noite mágica mesmo que não fossem ganhar
grandes presentes...
Conflito interno,
valia a pena dar chance para um raio de alegria e um sorriso? Ou alimentava o
deserto que se fazia dentro de si?
Caminhava no meio de
uma multidão quando escutou uma música doce que a atraía... Se viu aos prantos,
tocada pela melodia. Nem entendeu a letra da canção, nem viu se era ao vivo ou
se era remota. Só deu conta que estava chorando, soluçando e que se lavava em
lágrimas na frente de quem passava e nem se sentiu envergonhada.
Teve vontade de sentar no chão imundo e se deixar ficar. Encostou numa vitrine até passar a comoção.
Lavada retomou a caminhada sem rumo, agora, como estava sem
rumo antes. Mas o choro tirou o peso de
dentro, e nem sabia o motivo , mas estava reconfortada e livre.
Chegou a pensar... Que venha o Natal e o que vier mais.
Maria Lúcia Futuro
Mühlbauer
Escreve às segundas
feiras
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