Maria Amélia Mano
Para todas as mães de coração.
Depois
que te encontrei uma estrela apareceu no meu teto
Meu
coração se encheu de afeto
Depois
que te conheci é como se não houvesse antes
O
mundo é agora em diante
Não
sei quanto tempo esperamos
Até
que um dia enfim, você faz parte de mim
Chama
de pai, chama de mãe, chama de filho, chama de irmão, chama de amor, aquilo que
mora nesse coração, chama de amor.
Lula
Queiroga
O
Portão
Não consigo imaginar tanto
amor...
Sabiam da história, de tudo o que havia passado quando
gerada. Depois, a hospitalização prolongada, as convulsões. O remédio
controlado. O abrigo. Nada importava!
Para mim, importava aquele olhar sem luz, olhar nublado
de criança que pede em silêncio. Destoava do olhar da mãe, realizado, vitorioso,
esperançoso, cheio de sol, cheio de palavras novas.
A pequena mal se mexia. Sequela. A mulher era só movimento.
Cheia de colo, cheia de mãos, cheia de carinhos, gesticulava o tempo todo.
Animada. Falava dos avanços, dos olhares que aprendia a ver.
Não sei quantos papéis, quantas receitas, quantas
tentativas de fazer sorrir aqueles olhos. Olhos profundos que eu não entendia. Que
eu perguntava, sem respostas. Ela não falava.
Para a mãe do coração, havia um sorriso que eu não via,
um afeto e uma esperteza que não conseguia achar. E, a cada dia, mais e mais
desafios. Uma bota ortopédica, um carrinho especial, toxina botulínica para os
espasmos...
Ela ia crescendo. Veio a escola e mil e um atestados para
instituição, para fisioterapia. Para andar, para brincar, uma órtese, para ver o mundo, óculos de lentes grossas... Tudo
tão burocrático e tão difícil perto daquele olhar de mãe tão sereno!
Mas um dia, e nem sei quanto tempo passou, poucos meses,
porque a medida do tempo real é diferente da do tempo sentido. Mas parecia
muito. E abri a porta da sala de espera e ela veio...
De órtese, correndo pra mim, vestida de sorriso, braços
abertos em abraço, pra me encontrar... Dizendo palavras mágicas com um olhar de
sair faísca. Mãos acenando como pássaros voando!
A mãe só olha, tranquila, sem surpresa, mas orgulhosa. E encontramos
nossos olhares e nada falamos. Mas sei, ela me dizia: “eu sabia”, “eu te disse”.
E brinco, e me surpreendo, e agradeço...
Não consigo imaginar tanto amor...
foto: Aline Brant, parecidinha com a menininha sapeca de hoje...
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