De dentro do caminhão de mudanças |
Para Ernande e todos que participaram das mudanças
Voltei.
O sofá não, nem a estante e alguns móveis não vão voltar, nem alguns pedaços meus que se foram com a partida, e outros que se construiram. Eu no vazio do apartamento meio emprestado com a mobília dos amigos. Outra cama, outra cozinha, muitas panelas, novidades gaveta a gaveta, outros livros. Aos poucos meus móveis emprestados vão voltando com novas advertências..
"a roda quebrou, mas calcei com um livro"
"Adorei essa forma de fazer bolos, usei muito"
"A estante foi muito boa"
"O aquecedor foi muito útil no inverno"
"Você está esquecendo do ventilador, vai fazer falta"
"A centrífuga parece o robô do Star Wars, quase colocamos os adesivos"
"Mayara, não aguento mais te ajudar nas mudanças"
"Obrigada por esse livro, salvou meu ano"
Perguntam-me: "Você é meio nômade, né?" - nem eu pensava assim, talvez sim.
Novos jantares, novas conchas de servir sopa. Vejo trazendo o móvel pela janela do novo apartamento. Se eu deixar que meus medos de voltar me impeçam de sonhar devo estar também envelhecendo. A mesma sensação de estar esquecendo alguma coisa me acompanha.
Mas é preciso partir e voltar.
Abraços que pousam,
Mayara Floss
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