O mesmo
O outro
O mesmo prédio
O mesmo 401 e suas janelas de madeira
Mesmas ideias de árvores
Mesmo vento de fim de tarde vindo do mar
O lugar onde se cresce
Com suas humidades e luzes cinzas
Seria uma maneira de dizer
Ritornello
Explicação de esperas e inventos
Um deserto esclarecido de azuis
E neblinas impenetráveis
Hoje andei este lugar que ninguém me rouba
Mesmo que a burrice tola o exploda e o venda a preço de plátano
E somente tenho uma imagem e uma conversa irritante
Está buscando algum prédio diz o Velho
Não. Morei aqui. Cresci aqui.
E que aconteceu?
Venderam para pagar dívidas de ex amor
De amor morto
De amor morrido a brigas raivas e silêncios
E aí? Foi para um lugar melhor? - perguntara e eu quase ignorando-o
Sim. Acho. Sempre.
Descobri mil lugares melhores ...
E comecei andar
Mora onde? Em Rio de Janeiro ....
Dai o estereótipo esperado :
Muito carnaval muito sexo muito comércio sexual
Deixei o Velho falando sozinho
Sabe nada saberá nada
O preconceito evita que vire geleia ou suco
E antes de me refugiar em lugar imbecil e lotado de consumidores falsamente alegres
Eu vejo uma lembrança da infância: a Renovadora Eléctrica de Calzado
Y sorrio e lembro que andei percorrendo os prédios agora pouco pensando em sobrenomes de colegas
Olivera
Macha
Fuster
Valdivia
Torres
Astete
Valdeiglesias
Lindler
Fernandez
Cada um morando em um prédio da minha infância
E isso me trouxe felicidade em um dia arido como suco de limão e sal
Como centro comercial lotado.
Atravessar o lugar me fez eu mesmo
40 anos há.
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