Maria Amélia Mano
Mal
raia o dia
o relojoeiro se debruça
com sua lupa
sobre o coração dos relógios.
Com suas mãos delicadas
apalpa, escuta
o sono encantado do tempo.
Para ele os relógios estragados
são como pequenos pássaros
adormecidos.
Quando um relógio fica bom,
o relojoeiro suspira.
o relojoeiro se debruça
com sua lupa
sobre o coração dos relógios.
Com suas mãos delicadas
apalpa, escuta
o sono encantado do tempo.
Para ele os relógios estragados
são como pequenos pássaros
adormecidos.
Quando um relógio fica bom,
o relojoeiro suspira.
Roseana
Murray (O Relojoeiro)
Dois velhinhos amigos se encontram. Um é
relojoeiro. O outro quebrou o relógio. O primeiro se compromete em consertar.
Passam meses. Após cobranças delicadas, o velhinho relojoeiro devolve o
relógio para o dono. Mas não é o mesmo relógio. É outro.
O velhinho do relógio
reclama. O velhinho relojoeiro insiste que era aquele mesmo. E "está como novo",
afirma.
Para não denunciar a falha memória do amigo, o velhinho do relógio
aceita, se conforma e concorda com o velhinho relojoeiro.
Diz que o velhinho
relojoeiro poderia se chatear em esquecer. Diz também, depois, em segredo, que apesar de gostar do antigo relógio, o relógio do relojoeiro é mesmo mais bonito que o anterior. Mais chique.
Não se soube de reclamações do dono do relógio "quase novo". O que se sabe é que todos os clientes do relojoeiro velhinho eram velhinhos. E todos eram também amigos.
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