Maria Amélia Mano
Passo lento em
tempo-estrada rápida, rápida, rumo, roteiro-mistura de cordel e conto sufi,
teatro de bonecos, de rua, verdades gritadas em pequenas frases soltas,
gravadas com gravetos em rocha e chão, ser-tão, sussurro e profundeza em
pedrinhas, simplicidades, pra seguir, pra fugir, pra ficar, descansar da viagem
vendo árvores se juntando em céu com risco branco de avião que passou e eu que
sempre quis que fossem só marcas de pássaros indo para o sul, cortando vento.
Corto vento, canto vento,
cata-vento que gira rápido, rápido, enquanto caminho e conto causos, coisas,
casas coloridas em conta-gotas que escorrem dos nossos olhos, pelas nossas
faces de leito de rio, lama de lágrima indo, rindo do refrão errado, música mal
cantada, trilha sonora, trilha, e eu que sempre quis essa invenção nossa, essa
versão nossa, essa canção nossa, nesse assim, assim, atrapalhado, cheio de amor
de gente e mundo, des-encontros.
Encantos, surpresa
rápida, rápida, na fronteira, no limite do mal e do bem, na beira, no meio-fio,
fio de linha, entrelinha, horizonte, erva daninha que nasce de poeira e verso e
enverdece na seca e no redemoinho, road
movie, retirante de repente, repente, e eu que sempre quis saber tudo de
tanto e tanto de tudo, certeza de rumo, me rendo em renda de rede avarandada,
balanço, vai e vem e vida, mistério, existência sem verdade certa, só que
entardecer é lindo, no sul ou no norte, que serei sempre andarilha e que o
sertão vai virar a-mar.
Oficina Santa Sede
Circuito: “Quantas e quantas vezes dissemos: nossa vida daria um filme”.
Baseado no filme A Linha Fria do Horizonte. Foto do filme.
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