16 dezembro 2019

SURREAL?


SURREAL?



Era uma situação esdrúxula, de provocar risadas de nervoso, de dar vontade de correr de vergonha, de pedir desculpas sem nem saber para quem, de abraçar e levar dali.. 
Meio da rua, dia de sol forte e uma velhinha bem, bem , bem branquinha caminhando pelada com um cachorrinho poodle caindo aos pedaços (os poodles não morrem jamais! Derretem, ficam rosas mas...).
Caminhava no meio do futebol da garotada que se dividia entre virar o rosto,  encarrar, sorrir e rir abertamente apontando. Lá ia ela meio lenta, com passinhos pequeninos como soe acontecer nesta idade, balançando as rugas de toas as partes do corpo, intrépida.
Os adultos que passavam fingiam ignorar a situação, mas um cachorro maior apareceu e aí complicou a coisa, latiu forte, e a velhinha se assustou descendo do seu passeio estratosférico ao mundo real. Tentou agarrar o seu cachorrinho que, sabe-se, como todo cachorro pequeno tem um espírito samurai. O poodle quase cor de rosa ficou brabo e se fez dentes e latidos esganiçados na defesa da velhinha que esqueceu de botar a roupa (ou não botou porque não quis). E lá se foi a pobre arrastada pelo bichinho a correr pela calçada atacando o cachorrão que fugiu! Velhinha trupicando nos ressaltos agarrada na guia....e cãozinho latindo esganiçado rua abaixo.


Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

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