SURREAL?
Era uma situação esdrúxula, de
provocar risadas de nervoso, de dar vontade de correr de vergonha, de pedir
desculpas sem nem saber para quem, de abraçar e levar dali..
Meio da rua, dia de sol forte e uma
velhinha bem, bem , bem branquinha caminhando pelada com um cachorrinho poodle
caindo aos pedaços (os poodles não morrem jamais! Derretem, ficam rosas
mas...).
Caminhava no meio do futebol da
garotada que se dividia entre virar o rosto,
encarrar, sorrir e rir abertamente apontando. Lá ia ela meio lenta, com
passinhos pequeninos como soe acontecer nesta idade, balançando as rugas de
toas as partes do corpo, intrépida.
Os adultos que passavam fingiam
ignorar a situação, mas um cachorro maior apareceu e aí complicou a coisa,
latiu forte, e a velhinha se assustou descendo do seu passeio estratosférico ao
mundo real. Tentou agarrar o seu cachorrinho que, sabe-se, como todo cachorro
pequeno tem um espírito samurai. O poodle quase cor de rosa ficou brabo e se
fez dentes e latidos esganiçados na defesa da velhinha que esqueceu de botar a
roupa (ou não botou porque não quis). E lá se foi a pobre arrastada pelo
bichinho a correr pela calçada atacando o cachorrão que fugiu! Velhinha
trupicando nos ressaltos agarrada na guia....e cãozinho latindo esganiçado rua
abaixo.
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
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