EU DIRIJO E A MÚSICA ME GUIA E ALIMENTA

Estela Márcia Rondina Scandola

Fazer a rota em direção às obrigações é sempre tenso: quais ruas, quantos semáforos, trânsito e qual rádia (nem adianta querer corrigir. Vô Dale falava assim e então está certo!)... Têm uns cinco anos que refiz prioridades.

Eu dirigia ouvindo música e agora ouço música dirigindo.

Ao levantar já penso no tipo de música ou nos cantores...  O melhor mesmo é quando me organizo prá saber qual música vou ouvir ou qual cantora. Gosto de quase tudo (bem quase mesmo!)

Se o randon me aponta Amália, Elis, Grande Encontro, Jessé, por exemplo, logo fixo no álbum e ouço um disco inteiro (me nego a não chamar de disco). Adoro capas de CD e\ou vinil, olhar a ordem das músicas, os compositores... e, o mais melhor de bão, a produção da capa. Ainda lembro-me do vinil do Jessé feito pelo Elifas... colocava a capa à frente, o disco a rodar e cantava todas em ordem. Agora faço o download, mas não tenho mais as capas para ficar imaginando a sua criação.

Tem dias que teimo que a tecnologia vai me favorecer e canto nessun dorma com o Pava e duas camisas com Milionário e Zé Rico na sequência... Cada música tem uma história... se não lembro a letra, volto até duas vezes e canto de novo. No meu caso, meio grito, meio sussurro e outras tantas vezes falo partes e me emociono. As letras do Oswaldo eu sei quase todas (acho meio biografias minhas) e, geralmente canto chorando ou emocionada...Como diz a Nata, é coisa de cortar os pulsos, kkkkk. As do Chico, Belchior, Pablo, Silvio, Mercedes... geralmente escuto prestando atenção nas letras...são preciosidades... e acho que nem entendo a profundidade! Só às vezes canto...

Quando preciso de energia, daí as certeiras são as de percussão. Não há fraqueza que resista à Clara (a Mariene de Castro gosto demais... pelo vídeo,  a energia sai da tela e chega em mim – que boa foi a viagem à Corumbá em que o Alex me apresentou a distinta dourada).  Ah, a African que a Ax me deu, os sons Xavantes que o Berga me apresentou, as mulheres guarani e seus cantos que entram no espírito... não há pressão baixa que resista! Deveriam ser remédio na recepção das unidades de saúde.

Dirigir em cidades sempre foi uma peleja e, agora, o plano é ouvir música... ir em alguma direção é sempre a trilha sonora que me guia. Quando fui para a ESP em 2019 evitava músicas que me levava a pensar na realidade política ou desigualdades... me punham nervosa com minha própria realidade. Aí ouvia Wando, ABBA, Clayderman, Celine, Elvis, Frank ... e até Jota Quest...

A música vai me alimentando e vou me tornando bambual... Abro as janelas do carro, respeito todas as velocidades e danço. As pessoas olham e eu as cumprimento... Vou perguntar prá Pri se isso é terapia ou regulação do sofrimento... Deve ser mais que isso ajuntado!

Falta eu baixar o Christian & Ralph.... Fevers... e mais do Adoniran. Cada um que viaja comigo vai lembrando tantos compositores que não tenho! Hum... o João Mineiro e Marciano me lembraria o Zezé..., o Peninha lembraria da Raca... as italianas o tio Moa... Não há ritmo que eu não tenha histórias e histórias... e até a Carmen Silva com Adeus Solidão me lembraria mamãe passando roupa.

Talvez isso me credencie para cantar junto com o Andrea a fantástica "Vivo por Ella"... melhor com Sandy do que com aquela que tem uma costela a menos prá acinturar-se mas... esquece a letra quando esteve  com ele no palco. Foi mesmo um desastre! Melhor seria eu mesma cantando com ele "Vivo com ella"! se ele topar, tô pronta.

Na dúvida eu poderia propor Gonzaguinha... viver e não ter a vergonha de ser feliz.... cantar e cantar a delícia de ser uma eterna aprendiz...

Acho que essa o Gabriel e o Pietro vão gostar... afinal, já perguntaram: pq no seu carro tem tanta música diferente¿ e eu respondi: pq é delícia, uai...

CGR, 07012020

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Estela Márcia Rondina Scandola

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