O sol amarelo em desbote
Quando filtrado pela palmeira
Eu não o quis
Era frio, não me tirava de mim
Fui de arrasto ao seu encontro
E lhe vi feito negro douro
Quando de perto observei
Era ouro e barro
Os dentes que abriam o sorriso calmo
Quando se moveram na boca denúncia
Anunciaram golondrinas semeantes
Era a poesia e a utopia em forma de luzes
Diante dos jornais era barro e pedra
Sabia ser ser
E a delícia do esperançar sendo
Do olhar de quem está
Em uma ponta do arco-íris
Do saber da lama trazia a vida
Em shorts menores que cintos
Ninguém via quando a verve
Da verdade ia se palavreando
Até chorava no inverno encolhida
Vivia a primavera feito maria-sem-vergonha
Rasgava as vestes hipócritas no verão
E não tinha medo de ser outono
Quando o ouro puro brilha
Sem ser purpurina
Fazendo-se ouro escuro
Nem o que encanta o
xing ling
Nem o 24 quilates da burguesia
O ouro brilhante
Da profundidade humana
Daquela que pode nascer Mateus
E construir-se Alanys
No tempo efêmero da flor de cerejeira
Que entra pelos nossos olhos
Sustenta nosso vigor
E tatua nossa alma.
Estela Márcia Rondina Scandola, 57 na inteireza de
mulherices, publica no Rua Balsa das 10 aos domingos, ainda como convidada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que tem a dizer sobre essa postagem?