Foto de Alan do Carmo
E AINDA PROCURANDO ACHATAR A CURVA
Neste
tempo de COVID19, falar em achatar a curva não é nenhum termo desconhecido.
Todos que puderam sair do convívio social para evitar contaminação em massa
buscaram refúgio dentro. Dentro de casa, dentro da família (mesmo em lugares
separados) e principalmente dentro de si. Obrigatoriamente tivemos que encarar
nossas sombras, amores, medos e esperanças. Nunca as redes sociais foram tão
usadas, e bem usadas. Muita informação, algumas truncadas, verdade, mas a
maioria trazendo boas ações individuais e coletivas. Quanta gente praticando de
coração a “Economia da Dádiva” dando para os de perto o que sentiam que tinham
de bom, sem pedirem pagamento em troca, mas recebendo de outras pessoas outros
dons, ajudas, conforto. Grupos de apoio coletivo para funcionários demitidos,
para autônomos sem trabalho, para moradores de rua.
Quantos
doaram anonimamente um pouquinho do que tinham e na curva da vida foram gratos
por terem o que compartilhar? Quantos reconheceram seus privilégios e mesmo com
medo saíram ao encontro de quem precisava? Quantos profissionais se dispuseram
generosamente a trocar plantões com colegas que eram de risco para evitar que
se contaminassem? Quantos pe
rderam entes queridos sem blasfemar, sem culpar o
serviço de saúde ou os profissionais de saúde? Alguns ainda sem o entendimento
do que significa uma pandemia que quebrou o sistema conhecido de corrida
econômica? Com certeza, medo de reinventar e enfrentar o que temos pela frente?
Faz parte! Mas chover no molhado comentando
as mesmas coisas já faladas nestes dias, falar da melhora do ar, das águas, da
natureza enfim, é repetir o que já se sabe e se vê. Agradecer que estejamos
vivendo esta crise... é um desfio, se conseguirmos fazer de coração este
agradecimento, no meio de sofrimentos de variadas espécies (desde morte de
amigos até a fome de pessoas desconhecidas) será uma libertação. Deixaremos
nossa zona de conforto e possivelmente saberemos o que é o amor e a esperança
que dão força para a transformação íntima. E com certeza ela se espalhará
cantando por toda parte. E estaremos preparados para acolher o vírus no nosso
corpo e aceitar o que ele nos trouxer, com o cuidado com o nosso SUS, podendo
ter atendimento, se preciso, sem estourar os serviços e os companheiros.
Que o princípio feminino de criação, que está
em cada ser humano, se manifeste gerando esta nova vida. Que a cooperação seja
o novo modo de convívio e trabalho. Que tenhamos sabedoria para saborear cada
pequeno momento e estarmos juntos nas nossas diversidades complementando-nos e
cantando como no filme do Mogli “o necessário, somente o necessário” ou como
Fernando Pessoa
“...Baste
a quem basta o que lhe basta
O
bastante de lhe bastar!
A vida
é breve, a alma é vasta;
Ter é
tardar...”
Maria
Lúcia Futuro Mühlbauer
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que tem a dizer sobre essa postagem?