27 abril 2020

E AINDA PROCURANDO ACHATAR A CURVA







Foto de Alan do Carmo

E AINDA PROCURANDO ACHATAR A CURVA

Neste tempo de COVID19, falar em achatar a curva não é nenhum termo desconhecido. Todos que puderam sair do convívio social para evitar contaminação em massa buscaram refúgio dentro. Dentro de casa, dentro da família (mesmo em lugares separados) e principalmente dentro de si. Obrigatoriamente tivemos que encarar nossas sombras, amores, medos e esperanças. Nunca as redes sociais foram tão usadas, e bem usadas. Muita informação, algumas truncadas, verdade, mas a maioria trazendo boas ações individuais e coletivas. Quanta gente praticando de coração a “Economia da Dádiva” dando para os de perto o que sentiam que tinham de bom, sem pedirem pagamento em troca, mas recebendo de outras pessoas outros dons, ajudas, conforto. Grupos de apoio coletivo para funcionários demitidos, para autônomos sem trabalho, para moradores de rua.
Quantos doaram anonimamente um pouquinho do que tinham e na curva da vida foram gratos por terem o que compartilhar? Quantos reconheceram seus privilégios e mesmo com medo saíram ao encontro de quem precisava? Quantos profissionais se dispuseram generosamente a trocar plantões com colegas que eram de risco para evitar que se contaminassem? Quantos pe
rderam entes queridos sem blasfemar, sem culpar o serviço de saúde ou os profissionais de saúde? Alguns ainda sem o entendimento do que significa uma pandemia que quebrou o sistema conhecido de corrida econômica? Com certeza, medo de reinventar e enfrentar o que temos pela frente? Faz parte!  Mas chover no molhado comentando as mesmas coisas já faladas nestes dias, falar da melhora do ar, das águas, da natureza enfim, é repetir o que já se sabe e se vê. Agradecer que estejamos vivendo esta crise... é um desfio, se conseguirmos fazer de coração este agradecimento, no meio de sofrimentos de variadas espécies (desde morte de amigos até a fome de pessoas desconhecidas) será uma libertação. Deixaremos nossa zona de conforto e possivelmente saberemos o que é o amor e a esperança que dão força para a transformação íntima. E com certeza ela se espalhará cantando por toda parte. E estaremos preparados para acolher o vírus no nosso corpo e aceitar o que ele nos trouxer, com o cuidado com o nosso SUS, podendo ter atendimento, se preciso, sem estourar os serviços e os companheiros.
 Que o princípio feminino de criação, que está em cada ser humano, se manifeste gerando esta nova vida. Que a cooperação seja o novo modo de convívio e trabalho. Que tenhamos sabedoria para saborear cada pequeno momento e estarmos juntos nas nossas diversidades complementando-nos e cantando como no filme do Mogli “o necessário, somente o necessário” ou como Fernando Pessoa
“...Baste a quem basta o que lhe basta
O bastante de lhe bastar!
A vida é breve, a alma é vasta;
Ter é tardar...”  
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

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