HOJE NEM É DOMINGO PRA PEDIR CACHIMBO
Ele vinha andando com calma
resistindo ao hábito nefasto de fumar cachimbo. Prometera a si e a “ela” que ia
parar com tabaco. Já não era criança e sabia bem os riscos mas... que era gostoso
aquele cheirinho adocicado era. Como fumante de cachimbo que não tragava tinha
uma “vantagem” em relação aos que usavam cigarro.. os pulmões eram menos
afetados, era como se justificava, mas os cuidados dela com sua saúde acabaram
por arrancar a promessa de parar de fumar. Ah, quantas outras coisas já havia
prometido nesta vida de casal! Coisas fáceis de fazer como participar da vida
doméstica fazendo as tarefas necessárias para o bom andamento do lar, e coisas
menos fáceis como parar de fumar. Viver nem sempre era tranquilo, mas tinha
mais era que agradecer pois tinham ambos trabalhos dos quais se orgulhavam,
tinham uma casa pequena com um micro quintal cheio de flores, tinham os pais
por perto e podiam atender quando necessitavam. O sonho da paternidade se esvaíra
com a chegada dos sobrinhos antes do tempo, trigêmeos pós inseminação com
necessidades de muita ajuda. Nisto o desejo de acarinhar e cuidar foi saciado e
o tempo passou tão rapidamente que já se consideravam velhos para uma gravidez.
Por outro lado tinham a independência de casal sem filhos que faz seus horários
e cuida do jardim, que brinca com crianças quase suas, que pode dar atenção ao
velhos...
Caminhava divagando com a mão
acariciando o cachimbo que não ia fumar, mas que era um companheiro de mais de 25
anos... pensou em quanto economizaria sem comprar fumo. Fez rápidos cálculos e
vislumbrou uma viagem para o meio do ano num hotel fazenda ou numa praia
calma. Mal sabia que ia ficar
trabalhando em casa adiando a viagem para depois de pelo menos 2 anos com o
advento da Pandemia. Aí sim que mostraria a força da promessa de não usar
cachimbo.
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve às segundas
feiras
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