22 fevereiro 2021

PASSEIO


 


PASSEIO

Diabo de insônia! Acordar antes da madrugada... ouvi até cantar um galo!  Vou levantar de mansinho para não acordar ninguém!

Pelo menos ver o sol nascer do jardim. Pego as folhas mortas, limpo o chão e vou procurar assento para ver o sol. E chega uma luz forte de cegar meus olhos. Tenho que fechar forte. Mas me sinto leve, tranquila, fresca na madrugada. Também estou apenas com uma camisola de algodão fininho... Vou abrindo as pálpebras devagarinho, com medo da luz. Mas ela está azul e fria. Com certeza não é o sol, poderia ser a lua, dou uma risadinha para dentro.  Abro bem e olho ao redor. Nada do meu jardim, nada de sol.. mas como uma névoa que me faz flutuar. Sinto uma estranheza, e um medinho pequenininho pois a sensação de bem estar é imensa. Respiro fundo, 3 vezes como no início das meditações... Leve livre e solta, rio de mim.. faz tempo que almejo esta sensação. Parece que flutuo me deslocando nesta névoa e vejo que ela se dissipa adiante. Temo olhar para meus pés. Já não lembro se saí da cama e coloquei chinelos. Decido olhar para baixo mas só vejo até minhas canelas já meias tomadas da névoa. Não imaginei um nevoeiro invadindo minha casa, e tomando o meu jardim. Inspiro buscando o cheiro de terra, de planta de flor. Sinto um perfume tão suave que duvido do meu olfato. Enquanto olho ao redor aumenta minha tranquilidade, meu bem estar. Parece que a paz e aluz estão dentro de mim e ao meu redor. Fecho os olhos e tento lembrar de lindos lugares que me deram sensação semelhante embora menos intensa. Ah! Naquele dia que subi a Pedra da Gávea até o topo e senti o vento no cabelo! Vejo tudo de novo, inclusive com direito a visão panorâmica do alto! Hummmm é  muito bom! Ah, e aquele areal nas dunas do Rio Grande do Norte, quando achamos um córrego de águas cor de mate, fresquinho... estou vendo lá embaixo a piscininha que formava! Ah aquela sensação de plenitude no arquipélago da Anavilhanas, o Rio Negro, a floresta e o silêncio... que bons momentos! Ah, também a praia cheio de estrelas do mar coloridas no fundo na Ilha de Inhaca em Moçambique. E continuo viajando,  passo pela Serra de Nova Friburgo vejo o Parque dos Três Picos, sigo e vejo A Ilha do Morro de São Paulo com o por do sol sendo aplaudido da ruínas do forte, sinto o vento vido de dentro do canion na serra do Rastro em Santa Catarina.  Num relâmpago me vem a imagem de cruzar uma ponte suspensa sobre as canhoeiras das Sete Quedas, aquele mundão de água passando por baixo dos pés, e as minhas pernas até sentiram respingos.  Viajei por lugares tão lindos que a sensação de privilégio e plenitude me invadiu.  Subitamente lembrei que tinha que voltar para cama pois se o parceiro acorda e “vai que não me acha” pode se preocupar. Como mágica estou sem nevoeiro na porta do quarto. Abro a porta silenciosamente e me deparo comigo dormindo agarradinha com ele... Pode?

                                                                                            Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

Escreve às segundas feiras

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