COMEÇAR DE NOVO
As crianças nem se davam conta do movimento da casa, da excitação
dos adolescentes, da faina dos adultos. Haviam sido mandadas para um descanso “desnecessário”
de tarde, mas pareciam crianças em dias normais, correndo e pulando sem pararem
de brincar, até que os adultos desistiram de fazer o bando dormir. Tão raro
juntarem todos os primos!!!! A farra estava boa, os pais e tios bebericando e
rindo enquanto ajudavam na preparação da comida, Os velhos meio surpresos ao
verem os filhos assumirem estas tarefas “ femininas”... Anos e anos de beberem
cerveja enquanto as esposas suavam na cozinha... era de surpreender que os
filhos estivessem mudando a tradição e dividissem com as mulheres as tarefas,
inclusive de olhar as crianças. “Novos tempos, novos dias”... e tudo em harmonia!!!
Anoiteceu e as
crianças banhadas se viram de roupa nova, muito amarelo, branco e azul claro...
conforme a superstição da hora... aí já
cabeceavam de cansaço, mas ouviram dizer que haveria queima de fogos!!! Foi o
suficiente para se animarem a ir até a
areia da praia para ver os fogos. Ah...
os menores faziam tremendo esforço para manterem os olhos abertos. Dois
sentaram numa cadeira de praia e se renderam ao peso das pálpebras. Os
adolescentes queria experimentar soltar os fogos que os vizinhos resolveram
comprar, mas foram proibidos.
Meia noite e a cidade praiana se iluminou em
cores e pipocos, os cachorros e pássaros enlouqueceram, os morcegos fizeram
revoada fugindo dos estouros. O vizinho “alto” de tanta bebida resolveu acender
um rojão mas esqueceu de largar e estourou a mão. Ficou com os dedos queimados
(ao menos assustou os adolescentes que viram a correria para socorrer o
homem que quase perdeu os dedos). As
crianças viram o rebuliço, mas os fogos no céu eram mais interessantes, as
mulheres soltaram suspiros por conseguirem manter o foco do bando no céu e não
na dor, e por 20 minutos o mundo se fez colorido nas areias da praia, enquanto
os pequenos dormiam profundamente enrolados numa canga e sentados numa cadeira.
Virou o ano! Que seja outro tempo a se contar
com esperança e alegria para velhos e novos.
Maria Lúcia Futuro
Mühlbauer
Escreve às segundas
feiras
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