03 janeiro 2022

COMEÇAR DE NOVO

 



imagem da internet

COMEÇAR DE NOVO

As crianças nem se davam conta do movimento da casa, da excitação dos adolescentes, da faina dos adultos. Haviam sido mandadas para um descanso “desnecessário” de tarde, mas pareciam crianças em dias normais, correndo e pulando sem pararem de brincar, até que os adultos desistiram de fazer o bando dormir. Tão raro juntarem todos os primos!!!! A farra estava boa, os pais e tios bebericando e rindo enquanto ajudavam na preparação da comida, Os velhos meio surpresos ao verem os filhos assumirem estas tarefas “ femininas”... Anos e anos de beberem cerveja enquanto as esposas suavam na cozinha... era de surpreender que os filhos estivessem mudando a tradição e dividissem com as mulheres as tarefas, inclusive de olhar as crianças. “Novos tempos, novos dias”... e tudo em harmonia!!!

  Anoiteceu e as crianças banhadas se viram de roupa nova, muito amarelo, branco e azul claro... conforme a superstição da hora...  aí já cabeceavam de cansaço, mas ouviram dizer que haveria queima de fogos!!! Foi o suficiente  para se animarem a ir até a areia da praia para ver os fogos.  Ah... os menores faziam tremendo esforço para manterem os olhos abertos. Dois sentaram numa cadeira de praia e se renderam ao peso das pálpebras. Os adolescentes queria experimentar soltar os fogos que os vizinhos resolveram comprar, mas foram proibidos.

 Meia noite e a cidade praiana se iluminou em cores e pipocos, os cachorros e pássaros enlouqueceram, os morcegos fizeram revoada fugindo dos estouros. O vizinho “alto” de tanta bebida resolveu acender um rojão mas esqueceu de largar e estourou a mão. Ficou com os dedos queimados (ao menos assustou os adolescentes que viram a correria para socorrer o homem  que quase perdeu os dedos). As crianças viram o rebuliço, mas os fogos no céu eram mais interessantes, as mulheres soltaram suspiros por conseguirem manter o foco do bando no céu e não na dor, e por 20 minutos o mundo se fez colorido nas areias da praia, enquanto os pequenos dormiam profundamente enrolados numa canga e sentados numa cadeira.

 Virou o ano! Que seja outro tempo a se contar com esperança e alegria para velhos e novos.

 

 

 

Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

Escreve às segundas feiras

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