FILTRO DE CÉU
Não é que estivesse de preguiça, bom, talvez um pouco, mas
era mais estar filtrando o céu com as folhas. Deitado na areia no fim do dia,
escutando as ondas do mar e o farfalhar das folhas do coqueiro com a leve brisa
vinda das bandas africanas a mover dois fiapos de nuvens, se percebia poeta.
Versos compactos com 3 ou 4 palavras, sonetos ritmados e
rimados, versos generosos e livres, coração penetrado pelos fios de céu que
chegavam coados pelas folhas. Tamanha paz que quase adormeceu enquanto se
sentia grato.
Mas o ócio criativo não dura para sempre e a penumbra da
noite se avizinhava, os bichinhos da areia se movendo para comer, e as ondas já
mais próximas dos pés diziam que era hora de alimentar a barriga além dos
sonhos. Respirou fundo 3 vezes para acordar o corpo, levantou primeiro os pés e
sacudiu a areia sobre a barriga, riu de si, sentou e procedeu os procedimentos
de retorno para a bicicleta rumo ao lar doce lar.
Se tinha que pensar
numa palavra era energizado, mas, na mesma hora, apareceram grato e feliz.
Realmente céu filtrado faz bem!!!
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve às
segundas-feiras
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