06 maio 2024

FILTRO DE CÉU

 






FILTRO DE CÉU

Não é que estivesse de preguiça, bom, talvez um pouco, mas era mais estar filtrando o céu com as folhas. Deitado na areia no fim do dia, escutando as ondas do mar e o farfalhar das folhas do coqueiro com a leve brisa vinda das bandas africanas a mover dois fiapos de nuvens, se percebia poeta.

Versos compactos com 3 ou 4 palavras, sonetos ritmados e rimados, versos generosos e livres, coração penetrado pelos fios de céu que chegavam coados pelas folhas. Tamanha paz que quase adormeceu enquanto se sentia grato.

Mas o ócio criativo não dura para sempre e a penumbra da noite se avizinhava, os bichinhos da areia se movendo para comer, e as ondas já mais próximas dos pés diziam que era hora de alimentar a barriga além dos sonhos. Respirou fundo 3 vezes para acordar o corpo, levantou primeiro os pés e sacudiu a areia sobre a barriga, riu de si, sentou e procedeu os procedimentos de retorno para a bicicleta rumo ao lar doce lar.

 Se tinha que pensar numa palavra era energizado, mas, na mesma hora, apareceram grato e feliz. Realmente céu filtrado faz bem!!!

 

                                                                                                             Maria Lúcia Futuro Mühlbauer

Escreve às segundas-feiras

 

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