Algumas vezes há tensão e urgência nas decisões, praticidade
nas ações, responsabilidade nas atitudes que nem alcançamos mais que o suportar
a crise aqui e agora. Depois... bom, depois ruminamos o que foi e ressignificamos
o feito. A semana passada foi um exemplo destas duas faces de nós mesmo,
primeiro o pedido de socorro da vizinha e o marido havia acabado de morrer, uma
ação invertida, visto que o que fizemos foi estar ali. A seguir um encontro
entre amigos num lugar de beleza ímpar, e a possibilidade de estar dentro desta
foto do por do sol, na tranquilidade das águas salgadas, na sincronicidade de
movimentos fluidos, num espaço e instante de afeto e beleza que afetou a todos
os do barco e da praia.
Um intenso sentimento de gratidão e irmandade que suscitou em
todos o desejo de retornar e viver mais vezes esta harmonia, que gerou na prática
a organização de novos encontros entre velhos companheiros de jornada. E
velhos, sim de muitos anos se encontrando sempre que possível... desde alguns
anos antes da formatura em 1976. Velhos companheiros sim, mas ainda com piadas
e implicâncias dos tempos de estudos, apelidos, comentários, brincadeiras rearranjadas
e adaptadas ao novo/velho modo de ser. Gozações sobre os joelhos doloridos,
sobre as panças aumentadas, sobre rugas e celulites próprias da vida depois dos
setenta, mas com um espírito folgazão e propostas divertidas de “bater bafo”
com bulas de remédio, de brindar com chás, de trocar indicações de médicos e contatos
de nutricionistas.
A saber que incluindo as perdas já acontecidas (algumas de
longa data e outras bem recentes) a beleza do elo entre estes companheiros rivaliza
com a beleza do por do sol.
Ô sorte ser parte desta beleza!
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve
às segundas feiras
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que tem a dizer sobre essa postagem?