![]() |
Panelas. Imagem capturada na internet, 2019. |
Ernande
Valentin do Prado
Você ouviu o Presidente dizer, em seu
discurso de posse, que não vai gastar mais do que arrecada?
Sabe o que isso significa para o
Usuário do SUS, ao ir a um Hospital, uma Unidade de Saúde ou quando precisar de
uma medicação da Farmácia Popular, por exemplo?
A maioria dos
comentaristas de política e de economia, da grande mídia tradicional,
festejaram a fala do presidente e inclusive recorreram a uma imagem que qualquer
pessoa pode entender e é tão óbvio que fica difícil discordar, sem parecer ser
do contra.
Segundo eles, até uma Dona de casa sabe que não se deve gastar mais do que se ganha. O que parece lógico e inquestionável, porém só quando a dona de casa faz. Porque a dona de casa tem uma sabedoria, uma racionalidade e um compromisso que o estado não tem, ou seja, ela sabe quais são as prioridades para a família. Sabe em que deve economizar, que gastos não podem deixar de fazer.
Segundo eles, até uma Dona de casa sabe que não se deve gastar mais do que se ganha. O que parece lógico e inquestionável, porém só quando a dona de casa faz. Porque a dona de casa tem uma sabedoria, uma racionalidade e um compromisso que o estado não tem, ou seja, ela sabe quais são as prioridades para a família. Sabe em que deve economizar, que gastos não podem deixar de fazer.
Tanto é assim que ao
ir ao supermercado, a dona de casa corta logo o Iogurte, as bolachas e chocolates.
Será que o governo,
este ou qualquer outro que já passou por Brasília tem a mesma lógica da dona de casa ao pensar os gastos que vai cortar e os que vai manter?
Até hoje nenhum
governo parece ter tido o mesmo nível de sabedoria e racionalidade de uma dona
de casa, por isso a fala do presidente é tão perigosa, embora nem todos
percebam o perigo e o que isso significa para o trabalhador.
Será que o novo
governo, será que o estado brasileiro irá cortar os gastos supérfluos ou os
gastos com educação, saúde e infraestrutura?
Só para ilustrar o
que estamos dizendo, vamos lembrar que no fim do ano o estado, através de seus
poderes, concedeu a si mesmo aumentos abusivos de salários, aos empresários
perdoou dívidas e renovou isenções fiscais no mínimo questionáveis. E já estão
falando que o judiciário irá voltar com o auxílio moradia para juízes, este mesmo que nem deixou
de existir. E nem estou mencionando os cargos com super salários para
filhos, para esposas de ministros e outros possíveis apoiadores estratégicos.
Esse nível de
irracionalidade e falta de compromisso com a população é uma regra quase
imutável para os governantes, então como esperar algo diferente deste governo,
que até agora não demonstrou ser diferente de nenhum outro quando se refere a
beneficiar a si mesmos e aos seus aliados?
Uma coisa não dá
para dizer que é mentira, mesmo vindo de uma governo que tem como modus
operandi o fake News, não tem dinheiro para todos os gastos, os justificáveis e os que bancam mordomias imorais.
O que podemos e devemos
perguntar é, vai cortar as viagens de jatinho da FAB para os ministros, vai
cortar o décimo quarto e décimo quinto salário dos deputados, vai cortar a
isenção fiscal para os planos de saúde, que são para poucos ou vai cortar os
recursos do Sistema Único de Saúde, que são para todos?
Nós que defendemos o
Sistema Único de Saúde com Universalidade e Integralidade, ficamos pessimistas
quando ouvimos esse tipo de discurso dos governantes, ainda mais quando
analistas políticos que vivem de costas para a população estão aplaudindo.
É provável que não
serão os juízes, os ministros, deputados e senadores, que irão perceber o que
significa não gastar mais do que se arrecada. Quem também não deverá perceber são
os comentaristas políticos da grande mídia e nem os operadores de mídias
alternativas, pagos com dinheiro público para falar bem de qualquer coisa e
tentar fazer mentiras virar verdades ululantes.
Já a Dona de Casa,
exaltada na fala de jornalistas ignorantes e sem compromisso com a população,
será a primeira a perceber que não gastar mais do que se arrecada significa
precarizar ainda mais os serviços públicos de saúde, de educação, limpeza
pública e muitos outros. Só para começar.
[Ernande
Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]