Ernande Valentin do Prado
Adalto
morreu.
Alguém
poderá dizer, e daí, “tudo que vive morre”. Qual a novidade em uma morte?
Era
sexta-feira, nem mais nem menos especial que qualquer outra. Mais um dia de
oxalá no tempo infinito. Sexta ensolarada, carros fazendo barulho e soltando
gás carbônico nas ruas e nos pulmões alheios.
Assim
sem esperar, sem preparo nenhum, sem a visita de uma moça sexy com a foice na
mão, sem fazer a retrospectiva de sua vida em milésimos de segundo. Adalto morreu.
Estava parado na calçada e um caminhão sem freio carregado de restos de
campanha eleitoral o pegou.
Adalto
não teve tempo de acertar as contas com seu passado, reconciliar-se com o filho
mais velho com quem se desentendeu no natal de 1994. Nem de pagar sua conta no
bar do Zé Trindade. Simplesmente... Adalto morreu.
[Ernande Valentin
do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]
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