12 fevereiro 2015

Do calar-se (julio alberto wong un)


No rumor imperceptível 
Da onda do sol da nuvem evanescente 
No acalanto do dia lento e bondoso 

Ao dizer que se faz me recomeço 
Ao respiro que toca escrevo percursos
Pela pele amada pela presença miuda

Sim. Sem algo menos a ser dito deixamos o mundo soar seu estrondo. 

Sim sim sim. 

Assim. Por baixo das estrelas me costuro em mim dentro do sabor dela que é eternidade dita em pele. Sempre sim. 

Fim de temporal. Fim de ventania. Fim do pouco que era para o todos que sou já sempre. 

A contemplação do mundo desde esse coração de proximidade se retorna se alheia se diz trapézio e corda solta

Porque voar é contigo bem-amada
Porque dizer é coisa de outros
O que é sacro se faz estalinho de lábios 
Desconto de dias e tempos nossos 
Recriação do primeiro dia do mundo
Acontecimentos deixados na areia
Aproximações descuidadas em desejo
Primeiros tempos primeiras histórias 
Desnudos temporais de vento e frio
Onde teu cheiro resumia o universo
E
Esse cabelo pensava sem palavra criava sem matéria 
Acordava sem ser sequer mas sendo lua e estrela juntas
E um pastel gigante de siri. 

O silêncio no tempo sem tempo do abraço 
O estrondo calado do mar no tempo dos bons ventos

Disse tanto sem dizer nada
Fosse tempo de flutuar nos tempos

Um expresso um doce de Portugal uma estrada completa no meio da areia 

E observar sem pensamento o raio que faz carinho na pele 

Até que a morte na sua risada absoluta
Renove o olhar profundo que nunca cessa. 

[Julio Alberto Wong Un escreve na Rua Balsa das 10 quando pode]. 





 

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