Bloc de Educação Popular em Saúde com foco em crônicas, contos e poesias. Reflete o dia a dia de trabalhadores do Sistema Único de Saúde e Saúde Pública e Coletiva. (cotidiano, saúdes, vidas, poéticas, sensibilidades, ternuras, raivas, gritos)
09 novembro 2016
Vácuo
18 maio 2016
O paciente ideal
Parede do hospital |
O paciente ideal
Fala pouco
Não chora, não geme, não grita
Aceita e concorda com tudo
Segue as prescrições
Não usa celular
Não tem história social
Tem uma queixa exata
E apresenta só uma queixa de cada vez
Tem uma dor de descrição precisa
Não fuma, não bebe, não cheira
Não come demais
Não come gordura
Não come nada com açúcar (nem carboidrato)
Não faz muito sexo e sempre usa preservativo,
anticoncepcional, e todos os outros métodos possíveis
Tem três refeições por dia
Tem casa para morar
Sabe ler e seguir ordens
Toma a medicação na hora certa
Não faz cara feia
Tem no máximo um acompanhante
Sabe comunicar-se e expressar-se bem
Faz os exames no tempo certo
Não tem vícios
Tem dúvidas pontuais e de fácil resposta
O paciente ideal, senhores,
Não tem graça, nem troca.
(Poema-desabafo de muitos plantões)
Mayara Floss
12 fevereiro 2015
Do calar-se (julio alberto wong un)
15 dezembro 2014
Moisés, Luis e surpreender-se assim assim dos acasos [Julio Alberto Wong Un
Digo que termino porque apenas começo. I say love songs in the sunset, pedra de responsa.
Nota: explicação de poema: explicação estraga tudo, em especial poema. mas só dizer que isto aqui nasceu de 2 encontros com um peruano e um chileno em restaurantes de João Pessoa. Em Dezembro de 2014.
[Julio Alberto Wong Un escreve na Balsa das 10 às segundas]
06 outubro 2014
Gratidão prece sacrifício e luas [Julio Alberto Wong Un]
Hálito mais rude que os pássaros de rapina que cuidam da minha morte.
17 setembro 2014
Voo
Qual o peso da asa
de quem voa?
Qual o voo
que não bate asas na terra
ou que caminha pelo céu?
Mas quem pousa os pés no chão
É porque também voa.
18 agosto 2014
Una mujer joven descansa en el suelo del centro cultural Garcia Márquez
04 agosto 2014
COM - PASSO [Maria Amelia Mano]
[Maria Amélia Medeiros Mano publica na Rua Balsa das 10 às tercas]
07 junho 2014
05 maio 2014
MARCHA SOLDADO, CABEÇA DE PAPEL...
Eu, Aninha e Raquel, manas de todas as tardes, árvores, bonecas, bolas, calçadas, brincadeiras. Mas as coisas mais arriscadas, as maiores aventuras, era ele mesmo...
Pai.
Me colocou na garupa de um cavalo, ainda bebê. Me deu pato, pinto, cachorro, carneiro e pedras de lugares especiais. Se embrenhou com a família inteira em uma mata fechada pra pegar uma árvore de natal e inventou estórias fantásticas em trilhas de terra.
Atravessou o Brasil inteiro mais de uma vez. Uma vez, dentro de um carro em cima de um caminhão e em outra vez, em ônibus clandestino, com boia fria. Comprou um gravador para gravar nossas vozes e comprou fita K7 do Roberto Carlos pra ouvir na brasília amarela com placa de Quixeramobim, em mais uma viagem atravessando o Brasil.
Sim, ele que me ensinou a gostar de Roberto Carlos, também de Globo Rural e Rolando Boldrin. Me ensinou a levar toalha pequena pra viagem. Me fez amar pão com manteiga, pão com ovo, pão com carne, farofa de ovos, banana na comida, limão no feijão e na sopa, café preto, doce de gergelim e suco de manga.
Não guarda segredo. Diz o que pensa e nem sempre agrada. Sonhou demais. Sonha demais, sempre demais... Confia em quem é pouco confiável e desconfia de gente boa, se achando esperto. Esquece dos erros com a mesma facilidade com que embarca em algum plano mirabolante.
Me ensinou e ser honesta, a ser íntegra, a trabalhar e a respeitar a terra. Me ensinou a não temer ou matar insetos à toa, porque fazem parte do equilíbrio da vida, do mundo. Me ensinou a pegar em lagartixas e sapos, que são bichinhos bons e anunciam chuva. E me ensinou a desejar chuva, a gostar de chuva, do cheiro da chuva, do banho de chuva...
Dos cheiros, aprendi com ele a gostar de cheiro de vaca, de cavalo, de curral e de besouro mal cheiroso que ninguém gosta. Mas não aprendi a adivinhar a planta pelo cheiro da folha macerada. Algo que ainda insiste em me desafiar! E das plantas, me fez descobrir o nome, o que era fruto, o que era flor, o que era inflorescência, o que era parente do feijão e da papoula. O que é praga, o que é veneno e o que é defesa e sustento.
Dirigiu jipe no meio do mato e plantou, plantou tanto que ainda não parou. Mostrou o que é curva de nível. Jeito da plantação não destruir o solo, jeito que respeita a terra, protege, cuida. E também construiu casas e constrói sonhos e danças malucas. Inventa canções e palavras estranhas que jura, sorrindo, que existem.
Limpou rua e calçada, brigou com vizinho e disputou com a mãe o espaço do jardim pra plantar alface. Faz o melhor doce de leite, a melhor canjica, a melhor saladinha verde com cebolinha e coentro que ele mesmo planta. Também me ensinou a jogar futebol, a jogar bola de gude, a nadar, a andar na mata.
O melhor, esse menino que chamo pai, me fez e me faz descobrir. Prova que as pessoas são múltipas, são muitas, são imperfeitas, são mágicas, sempre recomeçam e algumas nunca cansam, nunca desistem. As pessoas dão o que tem, o que podem, o que sentem, o que vivem.
Velho, nenhum conselho teu tem muito cabimento porque nem tu mesmo consegues te seguir, não te obedeces... Desordem que brota no olhar menino e na lógica sem lógica. Aprendo a conhecer teu mundo, teu rumo. Te encontro em muitas coisas em mim e isso encanta e assusta. Me surpreende.
Há amores e solidões. Aventuras e desejos de voltar. Há magias e desesperos e sonhos que acalentamos sozinhos, na rede, na fronha, na grama, no sono depois do almoço, no sol que se aproveita pra esquentar. Somos esperançosos. Somos viajantes. Somos inquietos. Somos desejantes.
Gostamos de música alta, de sonhar e dormir de tarde.
Amamos feira, mercado e experimentamos comidas novas, temperos, pimentas, caminhos, histórias, atalhos e destinos com uma certa dose de irresponsabilidade. Erramos...
A imagem que embala e alegra. Sala séria e vazia do teu trabalho. Muitas cadeiras e mesas. Nós três, pequenas, atrás de ti, em fila, marchando. Tu na frente, desviando dos móveis, batendo forte nas mesas: "marcha soldado, cabeça de papel, quem não marchar direito vai preso no quartel..."
Lá vai tu de novo, em viagem pelo Brasil. Me preocupo porque já não és tão forte. Porque és metido a esperto e mais que tudo, porque te amo muito e mesmo que já não inventes brincadeiras e aventuras malucas, ainda és o primeiro da fila, na marcha de soldados, menino e meninas, em fila, na memória mais acarinhada da minha infância. A infância que sempre vais fazer parte.
22 abril 2014
14 abril 2014
10 março 2014
O sono e o beijo
descubro, aprendo, em tempos de sonolência, que o amor nos acorda
que a saúde vem do amar
que andar as ruas em sorte de beijo é deixar atrás mal-estares
que o corpo pode estar invadido
mas as luzes do verão limpam o estagnado
em cinco ou seis horas eu sinto a luz dentro de mim
as mesmas ruas viram outras
os passos repetidos despertam a carícia oportuna
assim, a receita não é viver bem para ser sadio
mas encher-se de saúde-amor para viver bem
mas isto é oferenda, presente inesperado, sempre
a força exagerada que vem do encontro
é o verdadeiro milagre
é sutil o toque ou o beijo
é aberto o tempo do sol elevar-se e dizer
é eterno o abraço dos corpos de todos os amantes
e luz que vem do olhar da criança
a missanga que é oferecida como brinquedo ou promessa
eu, bichado, em espera de utopia boa, celebro jubiloso o dizer dos amores
sou mais do que me limita, sou mais do que me descreve
te dizer, te confirmar, te saber, te mergulhar, te espaço e luz de tarde
a cada casa o sono vira beijo, a cada metro o tempo vira esperança
[Julio Alberto Wong Un publica na Rua Balsa das 10 às 2das-feiras]
09 março 2014
Paladar - Silvio Rodríguez
Paladar
Silvio Rodriguez
Llego al club de los cincuenta
y una mano trae la cuenta.
Llama la atención la suma
desde hoy hasta mi cuna.
Cada fuego, cada empeño,
cada día, cada sueño,
viene con importe al lado,
a pesar de lo pagado.
Me pregunto qué negocio es éste
en que hasta el deseo es un consumo.
¿Qué me haré cuando facture el sol?
Pero vuelvo siempre el rostro al este
y me ordeno un nuevo desayuno
a pesar del costo del amor.
Vengan deudas, inflaciones,
vales, multas, recesiones.
Pruebe a arrancarme el ratero
el sabor de mi bolero.
Sea quien sea el gerente,
me lo cobre diligente
(ya sabrá esa mano cruenta
cuando le pase mi cuenta).
Me pregunto qué negocio es éste
en que hasta el deseo es un consumo.
¿Qué me haré cuando facture el sol?
Pero vuelvo siempre el rostro al este
y me ordeno un nuevo desayuno
a pesar del costo del amor.
26 janeiro 2014
Gioconda Belli - No me arrepiento de nada
Desde la mujer que soy,
a veces me da por contemplar
aquellas que pude haber sido;
las mujeres primorosas,
hacendosas, buenas esposas,
dechado de virtudes,
que deseara mi madre.
la vida entera he pasado
rebelándome contra ellas.
por extraño maleficio,
me inspiran.
de los llantos a escondidas del esposo,
del pudor de su desnudez
bajo la planchada y almidonada ropa interior.
me miran desde el interior de los espejos,
levantan su dedo acusador
y, a veces, cedo a sus miradas de reproche
y quiero ganarme la aceptación universal,
ser la Gioconda irreprochable.
con el partido, el estado, las amistades,
mi familia, mis hijos y todos los demás seres
que abundantes pueblan este mundo nuestro.
entre lo que debió haber sido y lo que es,
he librado numerosas batallas mortales,
batallas a mordiscos de ellas contra mí
-ellas habitando en mí queriendo ser yo misma-
transgrediendo maternos mandamientos,
desgarro adolorida y a trompicones
a las mujeres internas
que, desde la infancia, me retuercen los ojos
porque no quepo en el molde perfecto de sus sueños,
porque me atrevo a ser esta loca, falible, tierna y vulnerable,
que se enamora como alma en pena
de causas justas, hombres hermosos,
y palabras juguetonas.
y rompí lazos inviolables
y me atreví a gozar
el cuerpo sano y sinuoso
con que los genes de todos mis ancestros
me dotaron.
cuando, en las mañanas, no más abrir los ojos,
siento las lágrimas pujando;
veo a esas otras mujeres esperando en el vestíbulo,
blandiendo condenas contra mi felicidad.
y danzan sus canciones infantiles contra mí
contra esta mujer
hecha y derecha,
plena.
y caderas anchas
que, por mi madre y contra ella,
me gusta ser.
23 janeiro 2014
O sentido salva [Eymard Mourão Vasconcelos]
18 janeiro 2014
Francisco predica a las aves (un poema de 1990)
[Julio Alberto Wong Un publica na Rua Balsa das 10 às 2das-feiras]
[Chala é uma comunidade camponesa nas alturas do distrito de Bambamarca, Cajamarca, norte do Peru]
16 janeiro 2014
Poetas guerreiros
Ter esperança é manter-se ligado a esta possibilidade.
Nossa alma se deleita naquilo que é belo.
Ajudam manter a fidelidade à possibilidade de beleza.
Reconduzem-nos à simplicidade do que é essencial
onde a ternura e o infinito habitam.
Nossa alma se deleita naquilo que é terno e infinito.
Trabalham para ampliar beleza e ternura na sociedade
para o deleite de todas as almas
contra as forças da exploração.
Sensibilidade e enfrentamento.
[Eymard Mourão Vasconcelos escreve na Rua Balsa das 10 às 5as-feiras]
11 outubro 2013
Textos Velhos (JWU): Ernandianas 3: a luz que sai do olhar
Textos Velhos (JWU): Ernandianas 1: no Parangolê...
Baixa, como os passos silenciosos da trupe.
Assim, depois dos afazeres,
Nesse mundo de 7000 seres e caos os quase irmãos de piada e utopia
Andamos essa penumbra de cidade amada, esse sol que vai-se dormindo até novo aviso
E, por enquanto tanto e tanto será feito
Para alimentar os entardeceres de Paripiranga, as luzes de meio-dia da Vila Dique,
A frescura surpresa da brisa no meio da Ponte Rio-Niteroi,
Uma Vila de São Carlos...
Santa Teresa
E que - ignorantes e felizes - nos move à suavidade de um copo, a um pedaço de calçada,
À luz distante de uma promessa ou de um bar
E desde violões e ovos sonorosos somos testemunhas dos corais e dos tremores
Escondidos durante o dia e que - corujas noturnas - manifestam seu poder de amar e curar
Enfeitam nosso Amor, nossa risada exagerada, os contos e giros do Ernande,
Suas raivas bíblicas, as formas novas com que o mar se separa e
O povo vai fugindo ao encontro de terras de leite e mel
Que, desencanto, são vendidas e adulteradas, mas são
Saborosas na essência mais essencial das essências
Horas ou anos se comprimem no meio dos copos e do queijo, pimenta e goiabada...
E embora todos na mesa soubessem que ele preferia a boa e simples Polar
O nosso urso dos encanamentos vai bebericando solidário e agradecido
Chopes artesanais, corujas, lagartixas, veados, comidas estranhas
Sotaques indeterminados ou pelo menos quânticos
E voa feroz ate os taxis do Olaria... E desaparece pela noite gulosa
Ate nova missão de profeta... Aquele que anuncia o novo... Aquele que mostra os caminhos
De tortas linhas, de senhores despidos, de poderosos ridículos
Os outros, somente peregrinos,vemos o urso enfiar-se rápido nos encanamentos
E esboçar sorriso cruel
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