para Renata Pekelman que
desde sempre entendeu que "negro é lindo"
para o Ogan Marmo
desde sempre entendeu que "negro é lindo"
para o Ogan Marmo
e para os pais que nos abençoaram
até que a vida não nada separe
vou entrar na brincadeira
de procurar o cantinho da tua boca
e repetir e repetir
esse canto sempre novo
essa música sempre nossa
essa palavra que nem som tem
nem precisa mais de nada do que estar ali nesse lugar
vou subir nesse pé de laranjeira numa aldeia da Bahia
para que o Paraguaçu nos acalme com sua paciência
para que esperemos o ouro do fim da tarde
para a melhor fotografia
para que o ônibus comercial que pára e pára em todo canto
se esprema amoroso para nos deixar no exato tempo estar
no começo da mata, no meio do rio
no fim do mar
vou esticar meu tempo nesta terra
para não mais sair do ser/estar
simples final de lábio
simples pele lanugem
simples desejo de encontrar a boca e a saliva
do cheiro da lua do mar
da dança da Dona Amália que nunca irá morrer
do samba de roda da cachoeira
do fim de tarde de São Félix dourado e quentinho
vou ser de ti minha nega
para em ti me devorar me dissolver me entregar
me esticar até virar fio de prata
de Iemanjá
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