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Imagem capturada na internet. 2017. |
Ernande Valentin do
Prado
Domingo de manhã chamei
um Uber. O carro parou na minha porta, entramos. O homem perguntou por onde ir.
Respondi com minha costumeira falta de noção espacial, mas não sei se ele não
entendeu ou só fez de conta que não. Insistiu em ir por outro caminho, um mais
longo, mais absurdo até para eu que não sei caminho nenhum.
Larissa, ouvindo nossa
conversa e sabedora de minha falta de noção espacial, veio socorrer-me e
explicou o caminho, de um modo que até eu, que não sou motorista, entendi.
Porém o homem olhou como se nada tivesse ouvido e sugeriu novamente o caminho
mais absurdo. Larissa, com paciência que eu já estava perdendo, explicou
novamente em detalhes. Mas de novo o homem, imaginei, fingindo idiotice, olhou
para eu esperando confirmação do caminho.
Neste ponto que percebi
que não se tratava só de incompetência auditiva e falta de noção espacial, mas
do puro e velho machismo de macho. Ela não podia ouvir, nem admitir que uma
mulher soubesse o caminho melhor que o homem, no caso, melhor que dois homens.
Então, não mais
conseguindo fingir paciência, que não sou o Lenine, disse para o homem, que não
conseguia ouvir a explicação da mulher:
- O senhor ouviu o que
ela explicou?
Ele respondeu que sim,
sem olhar para ela. Então disse: e qual a dificuldade em fazer do jeito que ela
explicou?
O motorista estragou
meu dia, mas em compensação não abriu a boca o resto da viagem.
[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às
6tas-feiras]
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