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05 setembro 2018

Conversa de Uber III

Ilustração Anna Kövecses
A mulher dirigindo me diz: 
- Fui fazer o Enem pra estimular minha filha e ela não passou, eu consegui Prouni para psicologia. Depois eu vou tentar a residência, se não der vou fazer concurso para o interior.


Abraços que pousam,
Mayara Floss

01 agosto 2018

Condução (Conversa de Uber)

Imagem do google


~ Iniciando a série Conversa de Uber e transportes inspirada também pelo Ernande

Embarco no Uber, primeira vez que descubro o aplicativo, o motorista me conta que trabalha das 5 horas da manhã até às 11 horas e que depois é locutor em um mercado anunciando os produtos, mas que o sonho dele é trabalhar numa rádio. Apesar de tudo com as corridas do uber ele está feliz de conhecer pessoas novas e complementar o orçamento. 

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Escuto uma conversa animada sobre faraós enquanto vou ao banheiro do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre. 

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O taxista me fala do tempo e que não conhece Rio Grande, que só foi a Pelotas, peço se experimentou o famoso doce de Pelotas e  ele diz que não, só foi levar um passageiro. Ele fala que gosta de doce mas não comeu, só passou por Pelotas com um pessoal da "Vacina para bicho". Ele conta que gosta de doce mas não pode mais comer tanto. 

Porém, me explica sobre as laranjas e bergamotas que planta em casa. Me dá dicas de como preparar abóbora com cal e me conta de uma goiabeira que ele tem. Falo das minhas plantas de apartamento (uma humilde comparação), a casa dele tem um terreno 10x40. Aí ele passa uma receita de um doce de laranja fácil de fazer:
- descasca as laranjas (aquelas com a pele bem grossa) e coloca na máquina de lavar roupa (isso mesmo), deixa fazer uma lavagem para tirar o azedo da laranja e coloca para ferver com dois Kgs de açúcar até a água secar.  Segundo ele uma delicia!

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O último taxista do dia me falou: 
- É moça, viver a vida não é fácil, viver a vida assim não é fácil mesmo -  se referindo aos malabaristas de semáforo. Ele segue: - trabalhar aqui é boca brava, mas fazer o que esses caras fazem é pior -. Fala sobre envelhecer, sobre reflexões de trajetos, ruas, caminhos e endereços. Ele descarrega a minha mala com adesivo de avião e diz para mim "finalmente em casa né moça?". Eu concordo que sim. 

Maio/2016

Abraços que pousam,
Mayara Floss

09 junho 2017

MACHISMO DE MACHO

Imagem capturada na internet. 2017.
Ernande Valentin do Prado

Domingo de manhã chamei um Uber. O carro parou na minha porta, entramos. O homem perguntou por onde ir. Respondi com minha costumeira falta de noção espacial, mas não sei se ele não entendeu ou só fez de conta que não. Insistiu em ir por outro caminho, um mais longo, mais absurdo até para eu que não sei caminho nenhum.
Larissa, ouvindo nossa conversa e sabedora de minha falta de noção espacial, veio socorrer-me e explicou o caminho, de um modo que até eu, que não sou motorista, entendi. Porém o homem olhou como se nada tivesse ouvido e sugeriu novamente o caminho mais absurdo. Larissa, com paciência que eu já estava perdendo, explicou novamente em detalhes. Mas de novo o homem, imaginei, fingindo idiotice, olhou para eu esperando confirmação do caminho.
Neste ponto que percebi que não se tratava só de incompetência auditiva e falta de noção espacial, mas do puro e velho machismo de macho. Ela não podia ouvir, nem admitir que uma mulher soubesse o caminho melhor que o homem, no caso, melhor que dois homens.
Então, não mais conseguindo fingir paciência, que não sou o Lenine, disse para o homem, que não conseguia ouvir a explicação da mulher:
- O senhor ouviu o que ela explicou?
Ele respondeu que sim, sem olhar para ela. Então disse: e qual a dificuldade em fazer do jeito que ela explicou?
O motorista estragou meu dia, mas em compensação não abriu a boca o resto da viagem.


[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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