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Companheiros de farda, 2008. |
Ernande
Valentin do Prado
No dia do
ataque ao morro, papel que deveria ser desempenhado pelo PELOPES, naquelas
manobras do batalhão, o tenente inventou de fazer uma emboscada. Partimos de
madrugada e nos posicionamos no entorno de uma estrada que dava acesso ao
acampamento inimigo. Segundo o tenente, por ali, antes do sol clarear passariam
dois pelotões de reforço ao inimigo e iriamos capturá-los.
Nos posicionamos
num elevado e, com a noite clara, céu estrelado e lua cheia, via-se um longo
trecho da estrada de chão batido. Se as tropas viessem por ali, veríamos de
longe. Mas para ver, enxergar o inimigo que passariam pela estada a nossa
volta, era necessário estar acordados, mas nem todos os soldados sabiam disso.
Do meu lado
esquerdo estava o Sargento Borba, do direito, Marcão, logo depois dele o Jorge.
Marcão, tão logo se jogou no chão já começou a dormir, apesar do orvalho
gelado. Todos os soldados que eu podia ver estavam dormindo ou cochilando.
Sargento Borba ia de um lado para o outro, sempre resmungando, chutando um e
outro para que acordassem, até que deve ter se cansado. Jogou-se ao meu lado e
disse baixinho:
- Prado, tá
acordado?
- Tô, sargento,
respondi, sem tirar o olho da estrada.
- Acorda o Marcão!
Tá todo mundo dormindo pra todo lado, mas esse filho da puta tá até roncando,
vai denunciar nossa posição. Acorda, se não vou dar um tiro nele.
Fiquei ali
acordado, ouvindo o Sargento resmungar, o Marcão roncar, olhando Jorge, que
também dormia e sem tirar o olho da estrada, por onde o inimigo deveria passar.
Mas o dia amanheceu, o sol nasceu lindo e nenhum inimigo foi emboscado.
[Ernande
Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]
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