11 junho 2018

A passagem do tempo. Ou: sobre a própria companhia.



Não vejo o futuro
Me imagino tão somente no mesmo dia
Na semana seguinte talvez.

Sonhos e utopias estão no futuro?

Ter
Aquilo que é procurado pelos buscadores espirituais
Me angustia

A projeção o planejamento o ir além
O transcender (também no tempo)
são alegrias ou preocupações necessárias
(São?)

Ficar congelado no instante
Sem estratégia sem plano sem ser sequer

Hoje o que era para fazer mesmo?
Perdido num tempo sem tempo, tempo de névoa
Eu
Construo o meu silêncio
Eu imagino nada
Eu só desejaria desejo

Eu perco o Eu

Num instante de supremo movimento
Processo do meu tempo
Acendo uma vareta de incenso
Repito uma frase do Buda
Escrevo o meu nome - desajeitado

E logo logo tudo é apagado.

Um abraço / dois corpos quentes / dois suores invadindo o ar / dois ficando um só
Não sequer invento não sequer concebo
Não sequer quero desejar imaginar

Sou sem ser
Sou sem não ser

Catatônico ou iluminado
Seja como for
Pegarei um ônibus um trem uma balsa
Como alguém comum. Como alguém cinzento. Como um fantasma transparente.

Entretanto tanto de mim não é cinza não é fantasma
Não é o que foi

Ao som de valsa bachata ou son montuno
Dulcito e coco

Talvez me extinga rapidamente.




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