Histórias
de motoristas de uber
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Imagem capturada no Google, 2018. |
Ernande Valentin do Prado
Manoel dirige um FIAT pálio branco. O que chamou atenção em Manoel, logo ao entrar no carro, é sua enorme barba. Seria ele fã do Los Hermanos?
A voz de Manoel estava muito
rouca, quase não saia, percebi logo ao perguntar quanto tempo dirigia Uber.
— Três meses...
Disse ele.
— ...antes dirigia taxi.
Cansou de fazer três corridas
por dia. Além do preço menor, Manoel acha que o Uber substituiu o taxi tão
fácil pela qualidade do serviço.
— O taxista é muito boçal.
Boçal e corrupto.
Agora trabalha sem parar, ganha
um pouco menos, o desgaste do carro é maior, mas dá para ir tocando a vida.
— A gente vê de tudo, neste
trabalho...
Manoel diz que toma muito
cuidado quando tem criança no carro.
— Sou pai... sei como se
sente um pai quando o filho se machuca.
Dias desses, disse o homem, ia
batendo em um carro que furou o sinal vermelho, mas eu tomo cuidado por mim e
pelo outro. Principalmente de madruga, aqui na orla, tomo muito cuidado. Tem
muito doido dirigindo.
[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às
6tas-feiras]
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