DAS RUGAS
Um dia olhou o braço que segurava a panela e .. Como
aconteceu isto?!?!? Tinha um monte de rugas? Céus! Quando ficou velha assim?
Correu para o espelho para olhar em volta dos
olhos, no pescoço... e elas estavam lá! Muitas, bem pregueadinhas olhando de
volta!
Impossível, estava assim envelhecida? Nem se sentia
velha nem vira o tempo correr!
Deu um suspiro, parou de fazer o almoço e sentou no
banco da cozinha para poder pensar. Bom, já vivera muita coisa... tivera uma
adolescência movimentada com grupo de amigos, trabalhos escolares, vôlei e
dança. Uns namoricos e então um relacionamento mais sério que resultou num
casamento de 40 anos, 3 filhos e agora, realmente percebia que o tempo passara.
Estava viúva e morando com o filho separado... e
tinha 7 netos. Decididamente envelhecera... e bastante, mesmo sem ter
percebido. A neta mais velha já estava trabalhando na profissão que escolhera.
Sentiu saudades do parceiro morto de infarto,
percebeu que morar com o filho trazia de volta a dona de casa que detestara ser
no início do casamento e que curtira com a chegada dos filhos, olhou para si e
viu o desejo de fazer diferente brotando borbulhante.
Largou a panela, a comida quase pronta, apagou o
forno, tomou banho e saiu. Foi se matricular num curso técnico de turismo que
estava anunciado no prédio em frente. O filho que assasse o suflê que ela
deixara no forno. Com sua pensão ia buscar um lugar para morar... sozinha com
suas rugas e manchas de idade na pele.
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
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