AI, DOUTORA
Tremenda dor no meio do peito, Ia morrer sem ter resolvido as
coisas!!! E nem tinha ninguém pra
socorrer por perto!
“Aimeudeuzinhodocéu! Estou aqui com o cachorro pra me
salvar!!!”
Deitou no sofá e pegou
o celular, mas nem sabia os números de emergência direito! Ligou para um
contato aleatório e caiu no celular da vizinha.
“Deus é bom! Foi mesmo Doralice quem atendeu e ela estava no
posto de saúde!”
A vizinha pediu o
socorro na SAMU e logo veio junto com a ambulância para ver que a amiga estava
tendo um ataque de coração. Já entrou esbaforida seguida dos socorristas.
Foi levada para Emergência e ficou na maca sendo encaminhada
para ser atendida. A dor era forte e já estava pálida e suando muito quando foi
atendida.
“Ai doutora, que eu não aguento mais!”
No meio do exame, o medo era tanto que não conseguiu ficar
parada durante o “Eletro”. Mas a médica a acalmou e depois de um tempo,
conseguiu fazer os exames, foi conversando e por fim a olhou nos olhos. Isto
desencadeou um choro convulso, um esvaziamento que a deixou exangue e até
surpreendeu a médica. Depois disto ficou curiosa e reexaminou a paciente. Foi surpreendida
por uma discreta modificação no Eletrocardiograma e uma grande modificação no
exame físico. A Doralice que a acompanhava achou que a amiga tinha até “apagado”
tão quieta ficou durante o novo exame.
Minutos depois um suspiro ruidoso veio do fundo do peito e
depois as lágrimas fluíram mansas, sem ruídos. E um murmúrio brotou bem
baixinho: “Ai doutora, eu morri?”
A médica pensou com seu jaleco... Bem podia ter morrido, que
a angústia mata.
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