ESTARRECIDA
Estarrecida (adorou ter a oportunidade
de usar a palavra no seu sentido de perplexa)...Estava estarrecida com a
descoberta de um segredo familiar beeeeeeem antigo.
Pensando em conhecer a história da
família, (quem sabe até escrever um livro?) pesquisou em documentos, registros
de jornais e certidões. Buscou informações com velhos amigos dos avós, conhecidos dos
bisavós e os idosos que ainda tinham condições de entabular uma conversa coerente.
Sua bisavó teve 7 filhos, mas por
acidente, operou e retirou as duas mamas. Todos sabiam que dona Maria Cleonice Tavares
da Silva ou dona Marieta Tavares como era conhecida, tinha um acordo com a a D.
Dita, sua vizinha e mãe de leite dos seus meninos.
O casal
Marieta e Aristides da Silva não tinham muito dinheiro mas moravam em
uma casa com 4 quartos e com grande terreiro ao redor. A vizinha, D. Dita, vivia ao lado numa
casinha sem varanda, sem quintal e sem jardim e tinha uma porta do lado que
dava pro terreiro da Marieta, onde estendia suas roupas nos dias de sol. Um
acordo que fluía e mantinha a vida caminhando bem.
Nas buscas pelos fatos da família
acabou conversando com a velha tia avó que foi a caçula dos 7 e vivia distante.
Fez a viagem já com um caderno de informação, para checar se eram corretas, ver
se faltava algum dado. Foi então que a ``tivó`` Benedita soltou o segredo
estarrecedor: havia um conluio entre as vizinhas. Como amamentar era impossível
para Marieta e D. Dita era solteira e sem filhos elas combinaram de uma seria a mãe
de leite dos filhos da outra em vez de buscarem uma ama de leite contratada.
Aliás, seria difícil mesmo visto que o dinheiro vivia curto e o terreiro
ajudava com suas hortaliças a alimentar a família. D. Dita fazia seu papel de
mãe de leite sempre que necessário e tinha seu pagamento na forma das visitas
noturnas do Aristides que pagava fielmente, com seu corpo, o leite das
crianças.
Maria Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve às segundas feiras
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