MAS CHEGOU O CARNAVAL E...
Muita animação para pouca festa,
era o pensamento da hora... ao redor o povo pensando em Blocos, fantasia e
marchinhas. Decorando Sambas e Enredos, sambando no pé, na perna e na cabeça. O
trabalho parecia nem render, muitas pausas e conversas animadas. Cadê as reclamações da vida?
Reconhecia a folia, a arte e os adereços criativos,
mas se era tanta a tristeza das guerras e brigas, das roubalheiras, corrupção,
doenças... para que tanta animação? Ia tudo voltar aos infelizes conformes de
antes...
Estava encasquetada com esta
perspectiva um tanto derrotista quando escutou a conversa da passageira do
banco ao lado ao telefone na volta do trabalho. Queria ouvir a outra parte da
conversa, mas não conseguia entender o ruído. Argumentos inicialmente
tranquilos que foram se animando e fecharam a conversa quase eufóricos,
risonhos e “saltitantes”.
Gravou a última frase e não parou
de pensar até dormir. Não é que fosse contra carnaval, que não gostasse de
sambar, de rir e de brincar. Fantasias engraçadas sempre animam a gente, né?
Mas talvez o tanto de informação de violência fosse um neutralizador deste
espírito de alegria. A frase escutada no final do dia remexeu as sensações, ideias
e o sangue. Tinha uma força que derrubava seu olhar pessimista e desanimado.
Falava de uma rebeldia da alegria, a máxima contravenção num momento e num
sistema doentio, a resiliência do belo, do conjunto, da igualdade dos blocos,
do pulsar comandado pela percussão, do voar promovido pelos sopros e do viver
aqui e agora.
Remoeu, remoeu, remoeu e se
rendeu!!!
Maria
Lúcia Futuro Mühlbauer
Escreve às
segundas-feiras
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