Histórias
de motoristas de uber
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Imagem capturada no Google, 2018. |
Ernande Valentin do Prado
— Eu amo minha mulher...
Disse Luisvaldo, meio que
olhando para atrás.
— ...não tenho vergonha de
dizer.
Faz quatro meses que a mulher
de Luisvaldo foi embora. Logo depois que ele perdeu o emprego. Trabalho por 28
anos para um empresário do ramo dos cosméticos, que faliu sua franquia, fechou
as lojas, sumiu sem pagar ninguém. A causa está na mão de advogados, mas não
sabe nem se vai receber. Só de fundo de garanti são 28 mil reais, ao todo são
78 mil reais em direitos perdidos.
— Minha vida acabou...
Disse Luisvaldo, enquanto
dirigia pelo trânsito pesado da sete da manhã, rumo ao supermercado. Perdeu o
emprego, a mulher e ainda briga na justiça sem saber se terá ou não direito a
guarda compartilhada do filho.
— ...o meu ano não está
sendo fácil, mas entreguei tudo na não de Deus, seja o que Deus quiser.
Depois de dois meses, após a
mulher ir embora, começou a dirigir o Uber, agora pensa que as coisas vão
começar a melhorar.
[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa
das 10 às 6tas-feiras]
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