Histórias de
motoristas de uber
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Imagem capturada no Google, 2018.
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Ernande Valentin do Prado
— Para sair de casa...
Foi o que respondeu
Francisco, motorista do Citroen C3, que nos pegou na orla de João Pessoa no
Domingo à noite, depois de sair do quiosque do forró.
O homem, vermelho,
com uma bela cabeça sem cabelos, nasceu em Anápolis, no estado de Goiás. Morou
a maior parte de sua vida em Manaus, onde deixou três filhos e enterrou os
pais. Era comerciante, do ramo de panificação, fechou o negócio porque dava
muito trabalho, precisava viver a vida. Veio para Paraíba entrando pelo
interior, passou por Patos, Areia e agora dirige Uber pelas ruas de João Pessoa.
— Ainda tenho meus imóveis
comerciais em Manaus...
Disse Francisco:
— ...lá é mais valorizado
do que aqui. Mas em João Pessoa a gente tem mais qualidade de vida, aqui parece
uma cidade do interior, com a qualidade de uma capital.
Dirige só a noite,
foi um desafio que se impôs: dirigir a noite e usar smartphone. Antes não
conseguia fazer nem uma coisa nem outra. Diz que todo ano se impões um desafio.
Ano passado comprava e vendia carro, agora dirige Uber, que é muito bom porque
não tem que dar satisfação para ninguém, trabalha a hora que quer, no dia que
quer.
Chegando em casa
esperou entrarmos, fechar o portão e só então saiu.
[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às
6tas—feiras]
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