Onde Clara se escondeu?
Maria Amélia Mano
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Caetano Veloso
Clara menina, brinca de se esconder. Conta até dez, pulando os números. Tem coisa melhor que errar a conta? E no "dez" correm os dois olhos marrom-terra-sabiá-curioso. Duas ilhas mágicas, travessas, distantes, sem portos, sem faróis, sem lugar de chegar ou partir. Dois sóis raiando. Duas luas encantando. Dois barcos e velas ao vento, vagando. Dois mundos...
Esses mundos que criamos sozinhos, mundos-borboletas e joaninhas, brincando em suaves voos entre uma roda gigante e um pega-pega, um balanço e um pula-pula. Todas as aventuras criadas entre calçadas, caminhos, colos, fronhas, fadas, sonhos sem pretensão de futuro, sem plano, sem rota, só o brilho eterno do momento que corre descalço.
O momento-instante em distantes terras de pular , terras de plantar sementes, subir em árvores coloridas com guache e lápis de cor. Cor que preenche o papel, os vazios, o desejo de conversar sozinho, de abraçar o vento e cantar canções sem refrão, sem fim. Criar infinitos poemas sem rima, versos perdidos em risos e danças sem ensaio.
Clara menina, brinca de se esconder. E no passo solto, inventa a dança, o carrossel, a história e um outro castelo, outra princesa, outro céu no fim da amarelinha. Vai-vem esse olhar-luar no balanço que a vida espreita e namora. No esconderijo, sussurra um segredo o tempo-ciranda, tempo-roda gigante, tempo-fantasia: passa-passará...