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22 setembro 2017

ALÉM DA ARREBENTAÇÃO

Queimada. Imagem captada na internet, 2017.
Ernande Valentin do Prado

Camila viu na parede da sala o retrato dela mesma: cabelos dourados, cachinhos caindo sobre os enormes olhos verdes. Estava em pé, com a firmeza possível para uma criança de três anos que se equilibra na areia da praia. Ao fundo o mar esmeralda da orla de Tambaú, em João Pessoa. Foto feita em uma das raras vezes em que a família viajou de férias.
Mais de vinte anos separam as duas Camilas, aquela alegre dos cachinhos dourados, desta em pé de frete a um passado que nem tem certeza ser o seu. Vidas impossível de conciliar.
Tudo besteira, pensa ela, ouvindo a mãe, como um ruído vindo de muito longe. A vida é minha, sei eu qual meu caminho, o que tenho que fazer. Vale, no final das contas, para quase todos e tudo, o que se encontra no fim do arco íris... pronto, vale o que parece. Mas não disse nada, continuou imóvel olhadas as fotos na parede, como um túnel do tempo, sentindo-se emburrada por dentro, mas com a ilusão de não transparecer, prometeu que não iria perder a paciência, alterar a voz, como em outras conversas. A vida também não foi nada fácil para a mãe: Camila ainda lembra do luto, de quanto tempo ela ficou fechada em si mesma. Tempo que parecia que nunca ia ter fim.
Durante o luto a mãe não conseguia expressar-se, falar sobre a perda, sobre como suas vidas mudariam, sobre todas as dificuldades que passariam. Chorava o tempo todo, sentia-se ofendida com demonstrações de afeto, evitava lugares que lhe evocava lembranças do marido, teve síndrome do pânico por muito tempo, culpava-se por ter deixo Joaquim ir para o acampamento, como se pudesse fazer algo para evitar. Camila teve que ser forte pelas duas, dar apoio à mãe, continuar a luta do pai, se não exatamente pelos coletivos, por justiça, por não deixar a comunidade esquecer do massacre que vitimou seu pai, seus companheiros de luta, os que não podiam falar nem lutar por si mesmos.
- Certo? O que é certo nesta história, mãe? Ficar e ser consumida por esse desejo que nem é mais de justiça, que no Brasil não existe, mas de vingança... eu queria, mãe... matar esse desgraçado com minhas próprias mãos.
- Filha, não fale assim!
- A senhora acha que eu gosto de me sentir assim?
Quando o pai morreu, Camila teve que adultecer de uma vez só: lidar com suas perdas, fazer o dever de casa sozinha, enfrentar a escola, as opiniões da professora, que ainda ensinava que existiam coisas que meninas não podiam fazer, isso sem ele para lhe explicar que as cabeças, as opiniões são muitas, e ela precisaria ser mais forte que o mundo para manter suas convicções... as novas e as antigas. Como enfrentar o mundo sem seu apoio e ser digna de seus ensinamentos?
Na escola lhe tratavam como a coitadinha, a menina que teve o pai assassinado brutalmente, nem a professora tinha coragem de lhe dar notas baixas. As tias, o avô, os primos insistiam que ela deveria esquecer a luta de seu pai, dar as costas para tudo, não insistir em buscar justiça, que tinha que tocar a vida, esquecer o pai, seus ideais, seu modo de levar a vida. Ir embora dali, porque “a corda sempre arrebenta do lado do mais fraco”.
- Minha filha...
- Você é minha mãe, eu te amo, mas não importa, eu vou fazer o que tem que ser feito. Nunca conheci ninguém mais certo do que meu pai, e o que ele ganhou com isso? O que nós ganhamos com isso, mãe?
- Acha que ele aprovaria?
- Sei que não. Mas não posso mais esperar aprovação, nem dele nem de ninguém. Eu não tenho pai, mãe... desde os 13 anos! Só uma lembrança cada vez mais longe, imagens cada vez mais desbotadas.
- Filha...
- Sempre vou amar e admirar meu pai, mas não vou seguir seus passos, não vou ter o mesmo fim dele, não mais...
Mariangela sente que a filha, depois de anos, está pronta para chorar a morte do pai, sentir medo, raiva, saudade, viver o luto, coisa que ainda não teve tempo de fazer, sempre tão preocupada, sempre tão ativa na luta. Por isso se cala. Cala para que a filha possa finalmente sentir sua perda, talvez até chorar.
Por seu lado, Camila sente crescer em si um tremor que vai subindo dos pés até trincar os dentes. Sente a mandíbula rígida, os dentes pressionados uns contra os outros. Fixa o olhar nos retratos na parede, que seu pai pendurou um a um, com paciência que não lhe era comum. Sente que vai perder o controle, que não vai conseguir segurar sua dor, como sempre fez na frente da mãe e de todos. O choro chega na garganta, antes dos olhos.
- Puta-que-pariu, mãe! 
Essa dor não vai passar nunca... Pensa Camila. 
- Parece que meu pai morreu ontem.
Diz Camila sentindo a primeira lágrima escorrer por seu rosto.
- Filha, pode chorar...
- Sim, posso, por que é a única coisa que me resta. Fiz tudo que podia, só não chorei a morte dele, mas acabou, não tenho mais forças, mãe, acabou pra mim. Os assassinos de meu pai ainda estão soltos, mais de dez anos depois, ainda estão soltos, estão rindo da gente, mãe. Estão rindo: o assassino, os advogados, os juízes, todos estão rindo de nossas crenças. A corda sempre arrebenta do lado dos fodidos.
- Não é verdade, minha filha, não pense assim.
- Tenho tanta raiva, tanto ódio! O povo unido não tem poder de merda nenhuma, mãe. É tudo mentira. A gente pode fazer qualquer coisa, mobilizar quantas pessoas quiser, juntar uma cidade inteira em passeata, mostrar as provas, os motivos, denunciar na ONU, e a justiça vai continuar dizendo que o assassino é inocente, que só estava defendendo seu patrimônio, sua sagrada família católica.
- Filha...
- Não! Não consigo fazer mais, pensar mais nada a não ser eu mesma fazer a justiça que nenhum dos filhos da chacina conhecerão de outra forma.
Camila soca a parede, em sua foto de criança, de filha...
- Para, para, para, por favor, para.
Ela chora, mas tá decidida. Joga-se ao chão de joelhos, num choro sonoro e desesperado, olhando a única coisa que seu pai realmente construiu e que não se perdeu nas nuvens do tempo.
- Minha filha...
Corre a mãe para acolhe-la em seus braços.
- Vou viver minha vida, agora, agora não vou mais fazer isso... vou me perder de ver no ódio se continuar aqui, se continuar fazendo isso.
- Eu te entendo, filha...
- Eu não vou morrer com a mesma dignidade de meu pai. Ele ganhou o que com isso?
- Mas... filha, ainda tem a apelação...
- Nunca vai ter justiça, mãe, não seja boba. Foi só mais uma chacina que não tem culpado. Nem foi a primeira, nem será a última, nesta terra desgraçada.
- Não é assim, aqueles criminosos vão pagar, vão ser punidos, ainda vai ter justiça.
- Mãe querida, não vai ter justiça! Nem papai e nem ninguém verá justiça nenhuma. Esse é nosso país... (a)corda.
- Não, filha...
Camila levanta-se, desvencilha-se dos braços da mãe, limpa os olhos, retira da parede um quadro com a foto do pai com ela no colo. Sai deixando a porta aberta.
A mãe caminha até a porta, sabendo que não adianta insistir com a filha, que àquela altura já estava decidida. Igualzinha o pai, pensa Mariangela, olhando a filha caminhar para o portão.
Falar o que? É quase certo que ela tem razão em tudo, apesar da tristeza de admitir que a justiça não será feita, que “a corda sempre arrebenta do lado do mais fraco”.
Quando o marido morreu, Mariangela ficou sem chão. Não conseguiu apoiar a filha, ajudá-la a lidar com a perda. Pelo contrário, foi Camila quem lhe ajudou, que enfrentou os avós, que queria lhes levar de volta ao Paraná, para ficar longe desta violência sem fim, para esquecer o que tinha acontecido e iniciar outra vida.
Mas Camila disse não, nós vamos ficar aqui, vamos lutar por justiça, para que a morte de meu pai não tenha sido em vão.
Mariangela mergulhou em profunda depressão por mais de um ano, não conseguia trabalhar, relacionar-se com a família, com os vizinhos, com os grupos sociais que queriam apoiar a luta, usar sua imagem para divulgar o que estava acontecendo no campo. Assistia a filha se mobilizando, articulando as famílias das vítimas, os filhos da chacina, fazia reuniões com os sindicatos, com ONG, os órgãos indigenistas, as igrejas, reunia estudantes, fazia passeatas, viajava para Brasília, para os Estados Unidos, para Europa, onde denunciava a morosidade da justiça brasileira, as manobras jurídicas da defesa, dos agricultores e agropecuarista que continuavam avançando as fronteiras agrícolas, contaminando com agrotóxicos os rios, as terras sagradas dos indígenas. Tudo isso com a conivência dos poderes públicos e apoio de milícias armadas.
Do portão, Camila olha para trás, como se já estivesse muito longe da mãe, muito longe do lugar onde esteve por longos anos: 
- Eu vou embora desse país, mãe. Se a senhora quiser, levo a senhora comigo.
Camila viajou o Brasil, fez contato em várias partes do mundo. Por onde passava era apresentada como vítima de uma terra violenta, sem lei, como a filha de um herói da luta contra o latifúndio, contra a invasão de terras indígenas. Por conta disso recebeu vários convites para deixar o Brasil, levar uma vida de asilada política, mas nunca aceitou, seria como trair a memória do pai, tinha uma tarefa a ser feita, continuar a luta.
- Você sabe que eu não vou, não sabe?
Responde a mãe, quase sussurrando.
- Sei!
Diz Camila, saindo pelo portão, enquanto seu cachorro latia pedindo atenção.
Joaquim morreu há mais de dez anos, assassinado em um acampamento, onde protestava contra a invasão de terras indígenas por um fazendeiro da região. Camila, com 13 anos sofreu muito a perda do pai. Ele era seu herói, o homem mais bom, inteligente, bonito e decente que conhecia. A forma como imaginava seu pai, acabou confirmada após sua morte. Quem o conhecia falava dele assim. Até quem dele não gostava, quem desprezava suas opiniões, seu modo de levar a vida, reconhecia o homem justo e honrado que era, ao menos após sua morte e na frente da filha.
O pai era enfermeiro, desde que formou-se entrou e saiu de empregos nos mais variados lugares, mas sempre aonde julgava que estavam precisando do pouco que ele poderia dar. O último foi em um ONG, contratado por um amigo, Toninho dos Índios, que conheceu nos tempos de movimento estudantil. Ele era tão sonhador quanto o pai. Deveriam ajudar a cuidar de uma aldeia em uma área de conflito entre indígenas e fazendeiros plantadores de soja no Mato Grosso do Sul.
Nesta época, Joaquim estava concursado em uma Universidade Federal, era professor do curso de enfermagem, mas não estava feliz com o que fazia.
- Não foi para isso que me formei, ser professor não é ser enfermeiro, Mariangela.
Ouvia o pai falar com a mãe.
- Minha casa é você, meu amor, se você quer ir para o Mato Grosso do Sul, então vamos.
Disse a mãe.
Desde que cursava o ensino médio, Joaquim prometeu-se a si mesmo que mudaria o mundo. Primeiro achou que seria pela revolução armada: iria salvar a América, missão incompleta deixada por Che Guevara. Depois engajou-se na construção dos sindicatos, dos movimentos populares, na construção de um partido operário que se tornou tão corrupto quanto os partidos dos patrões. Por um tempo achou que a solução era ajudar a formar jovens enfermeiros com compromisso com as mudanças sociais e por fim engajou-se na luta direta à construção de alternativas locais. O cuidado vai mudar o mundo, dizia. Fracassou em todas, embora Camila admita que ele tenha revolucionado a vida de muita gente. Mas de que vale isso se morreu na miséria, se nem casa própria conseguiu ter ao longa da vida?
Essa vida acabou para mim, definitivamente não posso mais fazer isso, pensa Camila enquanto caminha pela rua.
Ela cresceu ouvindo o pai dizer que no fim a justiça vingaria, que os honestos venceriam, que uma revolução socialista seria feita no Brasil. Tudo ilusão de um homem que não vivia com os pés no chão. Cada um que se vire como pode, agora vou me virar com as armas que tenho. Não vou lutar e morrer por uma terra que não merece o sacrifício de ninguém.
- Meu pai, você tá errado, o Brasil não tem jeito!
Fala sozinha Camila, como que tentando ser ouvida pelo pai. Mas já é tarde, ele já não pode lhe convencer do contrário, de que vale a pena continuar lutando por justiça, de que nossos sonhos de um mundo melhor são valiosos, são possíveis.
Você estava errado, meu pai. Sonhos não enchem barriga, só atrapalham nosso caminho.
No outono o pai estava acampado com indígenas, sindicalistas, lideranças comunitárias da Comissão Pastoral da Terra e de outros líderes populares, todos tão indignados quanto ele.
- Esse não é seu trabalho.
Dizia a mãe.
Mas o pai não se conformava, dizia que não era enfermeiro de verificar pressão e dar injeção, mas de mudar o mundo. Cuidar é mais que técnicas, cuidar é olhar nos olhos, é ouvir, tomar parte, dizia sempre.
- Eu sei que é perigoso.
Disse o pai para a mãe. Camila ouvia da sala.
- Mas se a gente não fizer, quem fará? Estão mantando todas aquelas pessoas, amor. Temos que fazer alguma coisa.
- Vão matar você também, e o que será da gente?
Disse a mãe.
- Pai, você tem mesmo que ir?
- Vão matar ninguém não, não desta vez...
- Eu estou com um pressentimento ruim, não vá...
- Pai, tem certeza?
- Tenho que ir, amor, não posso ver essa injustiça sem fazer nada, sem ao menos estar do lado deles...
- E nós?
- Nós temos mais do que eles, vocês entendem, não é justo, temos que ajudar.
Naquela madrugada de sábado para domingo, Camila acordou no meio da noite chorando. Disse que tinha tido um sonho ruim. Chorou descontroladamente e foi levada para a cama juntos dos pais, onde dormiram os três apertados o resto da noite.
Antes do pai sair, abraçou-lhe bem apertado por muito tempo, como se já estivesse sentindo saudades, mas não pediu para ele não ir, apenas disse:
- Volta logo, pai!
Foi a última vez que falou com ele, ao menos tendo certeza que ele ouvia.
Joaquim levou três tiros no peito a queima roupa durante a invasão do acampamento pelos jagunços contratados pelo fazendeiro invasor das terras indígenas. Outras cinco lideranças comunitárias, sendo quatro indígenas foram torturados, assassinados e seus corpos amarrados em pedras no fundo do Rio. O mandante da chacina continua livre. As terras, que a FUNAI dizia ser dos índios, parraram formalmente à posse do fazendeiro, presente da justiça brasileira.
- No Brasil, não basta eliminar os desafetos políticos, eles fazem isso com uma crueldade que desumaniza a vítima, a brutalidade é proposital. Ao causar horror nas comunidades, nas famílias e nos companheiros das vítimas, estão passando uma mensagem: é isso que vai lhe acontecer se se rebelar, agora ou no futuro. Mas nós continuamos vivos e temos esperança de fazer justiça.
Disse Camila em San José, na Costa Rica, em uma sessão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, aonde esteve apresentando a chacina e suas vítimas.
Toninho, companheiro de Joaquim, ainda respirando teve as orelhas cortadas. “A ordem era levar as orelhas dele, os outros bastava matar e jogar no rio”, disse um dos jagunços, em depoimento.
Lembrando de tudo, Mariangela, não tem como negar que a filha tem suas razões em querer simplesmente virar as costas para tudo isso e seguir em frente, longe do Brasil. Finalmente enlutar-se pela perda do pai. Mas como ela poderia seguir em frente?
Os jagunços executores da chacina, chegaram a ser presos, mas a “justiça” do estado levou três anos para decidir sobre um pedido de desaforamento do julgamento para capital do estado, pois temia, com razão, que na comarca não haveria justiça. O Tribunal não julgou o pedido da defesa como procedente. O processo rolou pelos corredores da burocracia e do jogo judiciário por quase cinco anos, uma demora injustificada, mas estratégica para defesa dos assassinos, que nunca chegaram a denunciar o mandante do crime, embora fosse evidente.
O fazendeiro acusado de ordenar o crime nunca chegou a ser preso, aguardou em liberdade o julgamento e foi absolvido pelo tribunal do júri, o que escandalizou o país por duas semanas, depois foi esquecido completamente. O estado, por conta das ações e omissões do judiciário, ainda responde processo na Organização dos Estados Americanos pela demora na condução do processo, pela impunidade que reina nos conflitos fundiários no Brasil.
- No fim, os sonhadores estão sozinhos.
Diz ainda hoje Camila para seu pai, com quem conversa cotidianamente, em sonhos e quando está só, sentindo tanta saudade, quanto sentiu naquele último abraço na madrugada.
Durante sua adolescência, quando assumiu a luta por justiça, tentou estar à altura dos sonhos do pai, de seus ideais, mas sem nunca sentir que conseguia. Quanto mais brigava, mais gente mobilizava, menos digna e mais indigna sentia-se.
Durante muito tempo sentia que apenas os jagunços seriam punidos, em mais um caso de chacina por conflito de terras, mas no final nem eles foram punidos. A defesa, paga pelo fazendeiro, argumentou que deveriam ser libertados porque houve excesso de prazo de sua prisão. Tese aceita pelo juiz. A soltura foi comemorada com um churrasco na fazendo do mandante, numa afronte às famílias das vítimas.
Camila está certa, pensa a mãe. E eu deveria ir com ela, ao invés de questionar sua decisão. Mas com que forças posso fazer, posso virar as costas para as utopias de Joaquim?
Só esse ano, que ainda não terminou, pensa Mariangela, olhando anotações que vem fazendo desde a morte do marido, foram assassinadas quase quarenta pessoas, muitas delas indígenas. Existem quase duas centenas de pessoas ameaçadas de morte, em inúmeros conflitos por posse de terras. Quase todos terão o mesmo destino de Joaquim, pensa desanimada Mariangela.

[1] Felipe Milanez / Carta Capital. Fazenda Princesa: acusado de ser mandante da chacina vai a júri depois de 30 anos. Disponível em: . Acessado em: 09 abr. 2016.



[Ernande Valentin do Prado publica na Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]


COLEÇÃO: ALÉM DA ARREBENTAÇÃO



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