Quando eu era pequena assistia o castelo Ra-Tim-bum, adora o Nino,
o tio Vitor, a Morgana, o Pedro, a Biba e o Zequinha. Um dos episódios
era o do cometa X. E o enredo contava a história do cometa, que ele
passava a cada cento e tantos anos. Assisti esse episódio inúmeras
vezes. E todas as vezes que assistia eu sentava no sofá da sala (sem
encostar os pés no chão) com aquelas almofadas bem grandes com desenho
de leão, e na minha cabeça de criança eu achava que o cometa X ia passar
também naquela noite no meu prédio, o edifício Acácia na Av. Getúlio
Vargas. Então ficava esperando anoitecer olhando para o céu na sacada
para aguardar o cometa X. Passava um tempo e eu esquecia do cometa.
Lembrava às vezes no outro dia quando já era tarde, outras vezes
lembrava a noite e ficava olhando do o céu por entre os buracos da rede
de proteção Branca, no nono andar.
Fato é que o
cometa nunca passou e eu pensava tudo bem, próxima vez eu assisto, ou
fazia as contas de quantos anos eu ia ter na próxima vez que o cometa X
passasse, 1006 anos? 1007?
O Nino dizia! "Só daqui 1000 anos" de novo, o Dr. Vitor dizia que era apenas um jovem de 1000 anos. Mas, minha avó tinha quantos anos mesmo? Eu ia viver 1000 anos para o próximo cometa? Ou dentro de mim, até o próximo episódio do cometa X.
O Nino dizia! "Só daqui 1000 anos" de novo, o Dr. Vitor dizia que era apenas um jovem de 1000 anos. Mas, minha avó tinha quantos anos mesmo? Eu ia viver 1000 anos para o próximo cometa? Ou dentro de mim, até o próximo episódio do cometa X.
Era um ciclo de espera do
cometa, guardava um pedido para fazer para o cometa. Cada vez um pedido
diferente, uma espera diferente.
Cresci e ontem olhando para o céu lembrei do cometa X, do castelo Rá-Tim-bum e da espera. Olho para o céu e me descubro esperando o cometa X.
Abraços que pousam,
Mayara Floss
25/12/16
25/12/16