Quando era pequena, bem pequenina
em uma aula da terceira ou quarta série a professora estava explicando sobre o
Descobrimento do Brasil. E ela falou que o Cabral “se perdeu” com as caravelas no caminho das
Índias. E que por isso que eles chamam os nativos de “índios”.
Mas eu não fiquei conformada com
o caminho escolhido por Cabral. Comecei a questioná-la porque ele tinha feito
exatamente aquele caminho? Porque não descobriram o Brasil antes pelo Pacífico? Porque eles
tinham que ir até as Índias pelo mar? Não dava para ir pela terra também?
Estava cheia de porquês. A
professora cansada da minha série de perguntas sentenciou: “Então, Mayara, acho
que você deve voltar no tempo e contar isso para o Cabral. O que está feito,
está feito”. Fiquei desapontada e conclui que essas figuras históricas não tinham
muita criatividade e que não sabiam navegar tão bem por terem errado tanto a
rota.
Também comecei a guardar alguns “porquês”
comigo. Acredito que quase ninguém pergunta para uma criança em frente ao mapa:
“Se você fosse Cabral e estivesse saindo de Portugal qual caminho escolheria
para chegar no Brasil?”. Aposto que nem todas iriam fazer uma “linha reta” de
Portugal para o Brasil. Também poderia se perguntar quais seriam as aventuras desse trajeto? Por qual
caminho você iria?
Hoje é tudo pronto, fácil, fast
food. É difícil ser criativo, tudo é uma cópia de uma cópia. E talvez Cabral
tivesse outros caminhos para seguir e talvez a escola também tivesse outros caminhos.
Deixo aqui uma pequena palestra do Ken Robinson no programa do TED em 2006 que fala sobre a criatividade e a educação:
Voam abraços,
Mayara Floss
[Mayara Floss publica na Rua Balsa das 10 às 4as-feiras]