"Longe de casa sigo o roteiro mais uma estação" - Luiz Gonzaga
Embarco no carro, o motorista me conta que trabalha das 5 horas da manhã até às 11 horas e que depois é locutor em um mercado anunciando os produtos, mas que o sonho dele é trabalhar numa rádio. Apesar de tudo com as corridas ele está feliz de conhecer pessoas novas e complementar o orçamento. Falo do programa de rádio na Irlanda, mas fico interessada em ouvir. Sigo, no aeroporto e escuto uma conversa animada sobre faraós enquanto vou ao banheiro do aeroporto. Sigo, o taxista me fala do tempo e que não conhece Rio Grande, que só foi a Pelotas, peço se experimento o doce ele diz que não, só foi levar um passageiro. Ele fala que gosta de doce mas não comeu, só passou por Pelotas com um pessoal que trabalhava com vacina para bicho. Ele conta que gosta de doce mas não pode mais comer tanto. Ele me explica sobre as laranjas e bergamotas que planta em casa. Me dá dicas de como preparar abóbora com cal e me conta de uma goiabeira que ele tem. Falo das minhas plantas, a casa dele tem um terreno 10x40. Me passa uma receita de um doce de laranja fácil de fazer: descasca as laranjas, aquelas com a pele bem grossa, e coloca na máquina de lavar roupa (isso mesmo), deixa fazer uma lavagem para tirar o azedo da laranja e coloca para ferver com dois Kgs de açúcar até a água secar: segundo ele uma delicia. O último taxista do dia me falou: "É moça, viver a vida não é fácil, viver a vida assim não é fácil mesmo" - se referindo aos malabaristas de semáforo. Ele segue: "trabalhar aqui é boca brava, mas fazer o que esses caras fazem é pior". Fala sobre envelhecer, sobre reflexões de trajetos, ruas, caminhos e endereços. Ele descarrega a minha mala com adesivo de avião e diz para mim "finalmente em casa né moça?". Eu concordo balançando a cabeça que sim.
Voam abraços,
Mayara Floss
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