O último atendimento da manhã, já ao meio dia, dos dias de agenda cheia.
- Não vou mais amamentar, não tenho leite.
- Me conta mais sobre isso?
- Ah é isso, a criança chupa, chupa e não sai nada. Não saiu nem no hospital. E tem os pontos para você tirar.
- Certo, como você está alimentando ela?
- Ah com NAN né? Não é NAN?
- Sim, pode ser, e ela está se adaptando?
- Mais ou menos o cocô está muito duro, mas já comecei a dar NAN na maternidade.
- Entendi, vamos examinar? Posso examinar suas mamas também?
Durante o exame a criança começou a chorar, aquele choro incessante de fome. Era o choro dela e o meu estômago de fome também.
- Já que ela está chorando tanto, quer tentar dar o peito?
- Ué posso tentar, mas o leite não vai descer. Não desceu no meu outro menino.
- Vamos tentar?
Era a nossa fome. Fome de mamar, fome de amamentar, fome de paciência. Sentei, e nos próximos quarenta minutos ficamos ali aprendendo a dar de mamar, encontrando a melhor posição, fazendo as contas do leite artificial, conversando. O leite veio, devagar, descendo por dos os canalículos, calmo, manso, quente – matando essa fome de viver.
Rio Grande, Mai/2017
Abraços que pousam,
Mayara Floss
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