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19 maio 2017

VERDADE (PIORADA)

Artesanal. Ernande, 2017.
Ernande Valentin do Prado

Uma noite, na cama, enquanto pensava que faziam amor, entregues totalmente um ao outro, em êxtase da paixão, desses momentos em que não se recusa nada, sem medo, sem pudor, que se pode tudo, ele trocou seu nome.
Ela, no calor do momento, tentou fingir não perceber, ao menos não demonstrar a decepção, o desgosto, a frustração. Esforçou-se para continuar, manter-se entregue ao menos a excitação do momento. Não conseguiu. Chorou, primeiro com uma lágrima que brotou no olho esquerdo e escorreu pela face.
Ele viu. Tentou ignorar. Achou que era dessas coisas de mulher.
Após a primeira lágrima, veio outra, depois outra, mais outra e sem se dar conta estava chorando abertamente, sem vergonha, de soluçar, como só lembrava ter feito quando muito criança, quando sonhava que tinha perdido a mãe. 


[Ernande Valentin do Prado publica no Rua Balsa das 10 às 6tas-feiras]

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